A candidata do PV à presidência da República, Marina Silva, afirmou que o Brasil vive um "apagão de recursos humanos" em decorrência da má qualidade do ensino no país. Para ela, o atual quadro aponta para problemas que se arrastam há décadas nas escolas do país, apesar de alguns avanços registrados nas últimas décadas.
"Não seria populista de encolher os problemas da educação brasileira em 16 anos. Em 16 anos até tivemos alguns ganhos, como acessibilidade de 100% no ensino fundamental. O problema é que 40% das crianças que entram no fundamental não chegam sequer à oitava série. Logo, o gargalo é na qualidade e não na quantidade", disse a ex-ministra do Meio Ambiente, que participou de almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
Marina aproveitou também para cobrar uma campanha eleitoral ancorada no debate entre as propostas. Reconheceu avanços do governo de Fernando Henrique Cardoso, como a estabilidade econômica, e de Luiz Inácio Lula da Silva, como os avanços sociais e a redução da pobreza. Caso seja eleita, garante que pretende governar com os "melhores" do PT, PSDB, DEM e PMDB, de forma a não "ficar refém" de um único partido.
"Tem um olhar estratégico que vai além da picuinha, de dar um cutucão no Lula, um cutucão no Serra (José, candidato do PSDB), um cutucão na Dilma (Rousseff, candidata do PT)", frisou, rechaçando a existência de oposição entre questões ambientais e desenvolvimento.
A candidata afirmou ainda que a adoção de princípios pode ajudar inclusive na política externa. Questionada sobre a posição em relação ao governo cubano, Marina afirmou não fazer generalizações em relação ao governo da ilha caribenha. Segundo ela, ao mesmo tempo em que a revolução de 1959 trouxe benefícios, há uma clara questão não resolvida quando o assunto é democracia.
"Para isso, não pode ter uma visão complacente. Se você orienta a política externa por princípio, fica mais fácil dialogar com os outros países, respeitando o princípio da não ingerência, mas afirmando valores. Isso é válido para Cuba, Irã ou qualquer lugar do mundo. Direitos humanos e liberdade política são valores", destacou, lembrando que uma das formas de aumentar a democracia em Cuba é acabar com o bloqueio econômico feito pelos Estados Unidos ao país latino.