A Câmara de Vereadores decidiu pelo trancamento da pauta de votação até que se consolide uma posição para o fim da greve dos servidores públicos municipais, que hoje entrou no quinto dia. Na sessão de quarta à noite, o trancamento da pauta foi aprovado por nove votos favoráveis e dois contra, incluindo o voto dos peemebebistas Manoel da Silva Neto, Mariuva Valentim Chaves e Adonias Fernandes. "Não teríamos, de toda forma, votos suficientes para manter a pauta e eu sempre fui solidário ao servidor, acho que poderíamos aproveitar esse período de trancamento para resolvermos essa situação", justificou o peemedebista Adonias Fernandes.
Também votaram favorável ao trancamento da pauta os vereadores Reginaldo dos Santos (PPS), Cido Silva (PP), Mohamed Zaher (PR), Milton Mutum (PR), João Gomes (PR) e Olímpio Alvis (PR). O primeiro-secretário da Câmara e presidente municipal do PR, Ananias Filho, votou contra o trancamento da pauta. O republicano alegou que não houve uma discussão interna mais profunda entre a bancada do PR sobre a decisão. "Votei com a minha consciência", pontuou o parlamentar.
Hélio Pichioni, que é presidente da Câmara, não votou em razão de que o presidente somente vota em caso de empate, mas também reclamou que a questão não foi devidamente discutida internamente na sigla. Lourisvaldo Manoel de Oliveira, que chegou a ser vaiado por um grupo de servidores, justificou o voto contra relembrando o passado no Legislativo Municipal. "Na época do Alberto, quando a situação era bem pior, pois o servidor realmente estava passando por necessidade, não houve isso, não vejo porque isso acontecer agora".
Porém, a decisão de trancar a pauta foi marcada por muita polêmica. Na verdade, o vereador Reginaldo dos Santos que, num primeiro momento, defendeu o trancamento total da pauta, retornou à tribuna da Câmara para explicar que era preciso abrir uma exceção, pois havia um projeto em tramitação para a liberação de recursos para o Lar dos Idosos e somente esse projeto seria votado e o resto não.
Adonias Fernandes, que havia chorado momentos antes em razão de lembrar do seu aniversário e ter ouvido um "parabéns a você" da plateia, fez outra proposta: o trancamento total da pauta e, de quebra, que neste período os vereadores ficassem sem receber salários.
Mohamed Zaher resolveu aumentar mais a proposta e incluir também que o prefeito ficasse sem salário durante o período de trancamento.
Por outro lado, Manoel da Silva Neto reagiu questionando a legalidade das propostas de Zaher e Fernandes e pediu que a procuradoria jurídica da Câmara analisasse os casos. O procurador jurídico Dailson Nunis alertou aos vereadores que esse tipo de ação por parte da Câmara seria ilegal. No final, a decisão foi apenas pelo trancamento total da pauta, gerando aplausos dos servidores que foram em grande número ao auditório do Sest/Senat, local onde as sessões estão sendo realizadas.
Ao final da sessão, a diretoria do Sispmur fez uma rápida assembleia e o assessor contábil do sindicato, Wellington Portela, lembrou que pessoas ligadas ao prefeito podem acusar o Sispmur de ter impedido repasses de dinheiro ao Paulo de Tarso. "Isso é culpa dele [prefeito], que tinha este pedido desde o começo do ano e resolveu mandar agora para a Câmara", afirmou Portela.