O presidente do Partido dos Trabalhadores, Carlos Abicalil, será acionado por membros da Executiva Regional a dar explicações dos motivos que o levaram a assinar o manifesto, encaminhado por representantes políticos, pedindo a quebra do sigilo telefônico do juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal, e do procurador da República, Mário Lúcio Avelar, bem como o afastamento de ambos das investigações relacionadas a “Operação Jurupari”. O documento, encaminhado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao Conselho Nacional do Ministério Público, foi articulado pelo deputado federal Pedro Henry, do PP.
A revolta maior partiu da vice-presidente da Executiva Regional, Enelinda Scala. Segundo ela, Abicalil jamais poderia ter assinado um documento dessa magnitude em nome do partido. “É uma situação que não representa o pensamento do PT, acredito, inclusive, em sua maioria” – disse a ex-vereadora. Ela informou que até a semana que vem deverá se reunir com a corrente interna, Utopia e Vida, para extrair uma posição firme contra o dirigente para ser discutida na Executiva.
Enelinda deixou claro que o documento tem elevado teor político. A dirigente petista afirmou que considera que, pela ordem, ninguém pode ser execrado publicamente, como vem ocorrendo em Mato Grosso, sem que haja provas concretas. A rigor, discordou dos métodos usados pela Justiça Federal, as prisões por atacado e a cinematografia. No entanto, também considera que o magistrado atacado pela classe política “vem fazendo um grande trabalho na luta contra a corrupção, uma das bandeiras históricas do Partido dos Trabalhadores”.
Outra que se mostrou perplexa pelo uso do nome do PT pelo deputado federal Carlos Abicalil foi a senadora Serys. “Absurdo! Isso é um assunto que tem e deve ser discutido às claras dentro do PT” – disse. Para ela, a pressa de Abicalil em assinar o documento articulado pelas lideranças do PP, demonstram que o deputado pode estar temeroso de ser alvo de investigações.
De sua parte, Abicalil confirmou ter assinado a representação contra o juiz federal e o procurador da República, mas negou que tivesse o feito em nome do PT; apenas como deputado federal. Ele atacou o que chamou de “forma policialesca” como a Justiça Federal tem agido em Mato Grosso. Ele considera que a investigação – com quebra de sigilo telefôinico – seja salutar para superar casos em que há suspeição sobre magistrados e membros do MP.