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Nortão: deputado critica abandono do Incra em assentamentos

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O deputado estadual Flávio Gomes (PT) demonstrou sua indignação como a forma que o Incra vem realizando o assentamento das famílias no Norte de Mato Grosso. O parlamentar petista iniciou o seu discurso referindo-se especificamente aos assentamentos implantados em Peixoto de Azevedo, seu município de origem. “Não sei se podemos chamar de assentamentos, pois na verdade o Incra envia agricultores para áreas previamente demarcadas e simplesmente os esquece no meio rural, sem escolas, sem estradas, sem assistência técnica e sem assistência médica, a mercê da sorte”.

Flávio lembrou que só em seu município há mais de quatro mil assentados nestas condições e que as prefeituras têm feito o possível para minimizar os problemas. Entretanto, mesmo assim, os recursos não são suficientes para atender as demandas.

Se referindo aos assentados como “jogados no meio rural”, o petista contou que a situação dessas famílias fica ainda mais caótica na temporada das chuvas, quando as comunidades, por falta de manutenção nas estradas, ficam isoladas. Durantes as estações chuvosas os pequenos agricultores ficam impedidos de receber mercadorias como leite, frutas e demais alimentos, além de ter impedido também o transporte dos alunos e doentes.

“Há vários anos o Incra não oferecia ajuda aos municípios para garantir dignidade àquelas famílias, que lutam para permanecer no campo e continuar produzindo, heroicamente, o alimento que comemos. Só agora, em abril de 2010, o órgão liberou 80 mil litros de óleo para uso na melhoria de 235 quilômetros de estradas, que, aliás, são mais de 1.700 quilômetros dentro dos 11 assentamentos existentes. Os P.A. Planalto do Iriri, P.A Vida Nova, P.A. Vida Nova II,e o P.A. Antonio Soares nunca tiveram estradas abertas pelo Incra, o que torna a doação recente quase insignificante, diante das necessidades”, desabafou Flávio.

O deputado destacou também as inúmeras mortes ocasionadas pelo fato dos assentados não conseguirem chegar ao socorro em função das estradas. Ele mostrou fotos aos demais deputados para que eles pudessem compreender o desespero daquelas famílias e o seu sentimento de indignação e contou que a sigla “Incra” é conhecida no grande Norte do estado como “Infelizmente Nada Conseguimos Realizar Aqui”.

“Se não fosse essa liberação feita nestes dias, poderíamos dizer que realmente Nada havia sido feito, mas precisamos muito mais que óleo, precisamos de agroindústrias, de regularização fundiária e ambiental, precisamos de crédito para os produtores poderem empreender seu desenvolvimento econômico e social, e precisamos desse crescimento sustentado com uma assistência técnica adequada para que o produtor se sinta valorizado e possa crescer economicamente e permitir que seus filhos permaneçam no campo com dignidade, pois estamos perdendo os jovens do campo para a cidade em função das dificuldades que apontamos”.

Finalizou enfatizando que esse desabafo não é uma crítica ao Presidente Lula, mas sim uma demonstração da incompetência do Incra de Mato Grosso e suas unidades gestoras como a de Guarantã do Norte, que chega a alegar que não tem sequer canetas para o dia-dia.

Flávio declarou que as pendências deixadas pelo Incra são muitas e que assistir esse desvelo de perto é inquietante.

 

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