O ex-procurador da República Pedro Taques afirma ter sido ameaçado antes de se filiar ao PDT para ser candidato a senador. Sem citar nomes, ele disse que as ameaças foram feitas a familiares que já teriam sido alertados sobre uma eventual campanha difamatória que deverá ser colocada em prática pelos adversários nos próximos dias. A revelação foi feita ontem durante ato de filiação que contou com representantes de vários partidos e dirigentes de entidades de classe.
"Não quero fulanizar a campanha e, por isso, não vou citar nomes. Mas algumas pessoas ligaram para minha família dizendo que irão expor minha vida e falar mentiras. Não tem problema. Estamos preparados para isso", afirmou o ex-procurador, que estava acompanhado por parentes e pela esposa Samira no ato de filiação que ocorreu no Hotel Deville.
Mesmo sem citar nomes, Pedro Taques afirmou que a atuação no Ministério Público Federal (MPF) lhe rendeu muitos amigos e inimigos. Ele foi um dos responsáveis pela prisão de João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, e comandou a operação Arca de Noé no combate ao jogo do bicho em Mato Grosso.
O ato de filiação do ex-procurador reuniu mais de 500 pessoas, principalmente representantes de partidos do movimento "Mato Grosso Muito Mais", grupo formado pelo PPS, PDT e PSB e que tem o empresário Mauro Mendes como pré-candidato ao governo. Compareceram ainda o procurador de Justiça Paulo Prado, o ex-reitor da UFMT Gabriel Novis Neves, Gilmar Brunetto, o Gauchinho, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), e o secretário-geral do PDT nacional, Manoel Dias, além de filiados de legendas que militam em grupos políticos adversários, como o DEM.
"O ato de filiação dele engrandece o PDT e a política de Mato Grosso. Alguém poderia imaginar um gesto mais significativo e de dedicação ao Estado do que renunciar a um cargo vitalício com bom salário? É de gente assim que a política precisa", ponderou Manoel Dias. Taques pediu exoneração do MPF em São Paulo, onde vinha atuando desde 2004, porque não poderia conciliar o cargo com a disputa eleitoral. Abriu mão desde a semana passada de um salário de mais de R$ 22 mil mensais. Sem nunca ter respondido a uma denúncia, ele continua dando aulas e palestras em faculdades de Direito do país inteiro.
Até agora, nenhum dos concorrentes a cargos majoritários em Mato Grosso, seja senador ou governador, sofreu qualquer tipo de campanha difamatória sistemática no Estado. Pré-candidato ao governo, o prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), foi o único alvo de panfletos apócrifos e até de chacota no site de compartilhamento de vídeos "You Tube" através de uma peça intitulada de "samba da lorota". Na campanha de 2008, o tucano também foi alvo de milhares de panfletos apócrifos distribuídos sistematicamente em vários bairros da Capital e por vários dias na reta final da campanha na qual se reelegeu ao enfrentar justamente o empresário Mauro Mendes. No caso do vídeo, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) já determinou liminarmente a suspensão da divulgação do conteúdo considerado difamatório contra o prefeito. A decisão é do juiz-auxiliar da propaganda Gonçalo Antunes de Barros Neto.