O discurso cantado em verso e prosa pelas principais lideranças do Partido da República (PR) de Rondonópolis de que a sigla está unida na Câmara de Vereadores, e o voto do PR é único naquela Casa, caiu por terra na sessão de ontem do Legislativo. A bancada de vereadores do PR deu provas concretas que não está falando a mesma língua e mais: o líder do partido foi isolado na sessão de ontem pelos seus “companheiros” de bancada.
Mohamed Zaher acabou sozinho votando contrário à urgência em projetos do Legislativo que entraram na pauta de votação. Os liderados do partido acabaram votando contrário ao líder. “Eu não sou homem de duas palavras, eu disse que iria votar contra a urgência destes projetos e votei, fico chateado com a forma que aconteceu, infelizmente a nossa bancada não está falando a mesma língua, eu reconheço isso”, disse Zaher.
O líder do PR ficou tão irritado com a situação que nem ficou para o restante da sessão, saiu imediatamente após a votação das urgências. Na saída, Zaher ainda atônito com a situação, foi cercado pela imprensa e chegou até a parar de dar entrevistas pelo fato de ter ficado emocionado ao ponto de chegar aos prantos.
O vereador comentou que deixou a sessão justamente pelo fato de não concordar com a forma que a votação ocorreu. “Eles [administração] estão fazendo uma filial da prefeitura aqui, mandam o projeto de última hora, que fica 30 dias na mesa do prefeito e querem que votamos assim. Não concordo com isso, não tenho culpa pela incompetência”, argumentou. Irritado, o vereador também criticou o orçamento deste ano. “Este orçamento é uma m…, por isso que estão mandando direto esses projetos”, desabafou. O republicano deixou claro que está insatisfeito com a bancada do partido e ameaçou, mais uma vez, deixar a liderança do PR na Câmara. “Vou aproveitar a semana que vem, conversar com o presidente regional do partido (Wellington Fagundes) e com o governador (Blairo Maggi) sobre o assunto, ver se eu estou errado nas minhas posições e dependendo vou deixar sim a liderança”.
O vice-líder do partido, Milton Mutum, colocou panos quentes na situação. “O que o Mohamed disse para a gente é que deixou a sessão em razão de ter recebido uma ligação telefônica, eu não vou recriminar ele por isso, é uma questão da consciência dele”. Mutum comentou que o posicionamento de votar a favor das urgências nos projetos foi em razão de pelos menos dois deles ter sido enviados com anuência do próprio PR. “Tratava-se de um projeto para a terraplanagem de um posto na Boa Vista e de outro para liberação de recursos para a comunidade Divina Providência”, explicou.
Os dois projetos foram votados em bloco com os demais pedidos de urgência.