O deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) investigado na Operação Cartas Marcadas da Polícia Civil, acaba de conceder entrevista exclusiva, por telefone, ao Só Notícias. Ele disse que, por seu intermédio, o governo do Estado teve economia de R$ 800 milhões no pagamento de precatórios (dívidas) para cerca de 300 servidores da Secretaria de Fazenda. A investigação da Polícia Fazendária apura denúncias que haveria pagamentos acima dos valores normais e que os prejuízos para os cofres estaduais seriam de R$ 253 milhões.
“O Estado não teve um centavo de prejuízo. Deixou de gastar R$ 800 milhões. A dívida com os funcionários era de R$ 1,2 bilhão. Os cálculos estão dentro do processo. É só pegar um perito judicial e mandar fazer os cálculos”, rebate Fabris. Ele disse que foi procurado pelos servidores para que pudessem receber seus créditos através das cartas precatórias. “Minha participaçao nisso é que desde 1994 eu defendo a classe dos fiscais estaduais que deveria ter isonomia em seus atos. Eles entraram no Supremo (Tribunal Federal) e ganharam a questão. A pedido deles, eu fui ao governador Blairo Maggi para resolver o assunto. Ele remeteu o caso para a procuradoria do Estado e os procedimentos foram feitos dentro da legalidade”, afirma o deputado.
“Eu peguei o processo inteiro, com os valores que cada funcionário recebeu e que tinha direito a receber e entreguei para Delegacia Fazendária. O que tá havendo aí é que auditoria do Estado chegou a um número que está errado. Eles calcularam os precatórios e esqueceram de calcular a ação que o Supremo deu ganho de causa. Aí os valores são diferentes !”, acrescenta Gilmar Fabris. “Esse acordo que eu intermediei deu economia de R$ 800 milhões para o Estado. Pode pedir para qualquer economista calcular que vai chegar nesses números. Os valores eram de R$ 1,2 bilhão e o Governo do Estado pagou R$ 480 milhões em cartas precatórios para 300 servidores”, emendou.
Fabris disse que está tranquilo quanto as investigações. “Recebi a operação com tranquilidade. Determinação judicial se cumpre. Assim como Supremo mandou cumprir. Não houve resistência. Na casa da minha sogra apreenderam R$ 25 mil. O dinheiro é dela. E se fosse meu também não teria problema. Tenho posses suficientes para ter dinheiro no cofre”, esclareceu. “Não precisava prender ninguém nem fazer busca e apreensão”, concluiu.
Das 6 ordens de prisões expedidas pela justiça, a Polícia Civil confirma que duas pessoas foram presas – contabilista e um agente tributário.
Esta tarde, em entrevista coletiva, a delegada Lusia de Fatima Machado disse que “houve fraudes e cálculos (feitos pelo Estado) que nem um leigo faria, ainda mais experts na área. A partir de agora iremos identificar qual a participação de cada um, até para darmos início aos indiciamentos”. A delegada disse ainda que as ações feitas pelos acusados era tudo de maneira “muito bem organizado, onde cada um tinha o seu papel bem definido. Temos provas aos montes. Temos que trabalhar contra o tempo. Devemos iniciar os indiciamentos nesta quinta-feira”, sem citar nomes. “Mas não podemos prever os desdobramentos das investigações a partir de agora. Mas, com certeza, até o final do primeiro semestre de 2012 concluiremos esse caso”.
Além do deputado, a Delegacia Fazendária da Polícia Civil vai ouvir depoimentos do secretário de Fazenda, Edmilson dos Santos, e o ex-secretário de Fazenda no governo Blairo e atual secretário extraordinário da Copa do Mundo (Secopa), Eder Morais, o ex-secretário de Administração Geraldo de Vitto Junior e o o ex-procurador Geral do Estado em 2008 João Virgílio do Nascimento nas investigações sobre pagamentos, pelo governo estadual, de cartas de crédito com valores acima do normal. Não foram informadas datas de quando eles vão depor.
(Atualizada às 17:21h)
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