A real possibilidade do processo de licitação da Ferrovia do Centro-Oeste (Fico) ser zerado para que não pairem dúvidas quanto à lisura do processo que estava sendo conduzido pela cúpula do Ministério dos Transportes, que foi substituída pela presidente Dilma Rousseff (PT) após denuncias de cobrança de propina, o que exigiria uma ampliação no prazo de dois a cinco anos para ser refeito, vai provocar a formação de uma Frente Mato-grossense em defesa da Ferrovia Centro-Oeste.
Esta foi a posição assumida pelos três presidentes das maiores federações de Mato Grosso, a da Indústria (Fiemt), sob a presidência de Jandir Milan; da Agricultura e Pecuária (Famato), presidida por Rui Prado, e Federação do Comércio (Fecomércio), gerida por Pedro Nadaf, que é secretário de Indústria, Comércio Minas e Energia do Estado.
"Não há como se admitir qualquer tipo de irregularidade ou ilegalidade no processo de uma obra tão importante, mas também é inaceitável se paralisar algo que já estava sendo maturado há vários anos", frisou Rui Prado da Famato, ponderando que Mato Grosso e o Brasil não podem mais esperar por falhas decorrentes da falta de controle do poder público.
Para o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso, Jandir Milan, que ligou para o presidente da Famato, é preciso se acionar o Poder Público do Estado e a bancada federal no Congresso Nacional para que se encontre uma solução que contemple as exigências de legalidade do processo licitatório e das obras, bem como a sempre crescente necessidade de logística de transporte para o escoamento da safra agrícola. "É inaceitável se falar em anos de atraso para uma obra fundamental como a Ferrovia Centro-Oeste", disse Milan, lembrando que as autoridades públicas do Brasil já postergam há mais de 40 anos a conclusão da Ferronorte, ou Ferrovia Vicente Vuolo, que foi concebida em 78 quando da divisão de Mato Grosso e criação de Mato Grosso do Sul.
O secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia e presidente da Federação do Comércio de Mato Grosso, Pedro Nadaf, frisou que a obra da Fico é aguardada com ansiedade pelo setor produtivo, mas principalmente pela integração da maior área agricultável do Mundo que é o médio norte de Mato Grosso com parte de Rondônia e Goiás. "São mais de R$ 6 bilhões em investimentos, sendo que deste total R$ 4 bilhões apenas em Mato Grosso, que teria grande parte de sua área agricultável atendida no sentido horizontal pela Ferrovia do Centro-Oeste", frisou.
Nadaf pontuou também que a Fico é essencial por ter sido concebida se aguardando outras ligações como com a Ferronorte, que vai do Sul de Mato Grosso até Santarém. No Sul do Pará e a integração com a Ferrovia Norte e Sul, que vai do Nordeste do Brasil até o Sudeste, passando por Goiás onde ambas as ferrovias se encontrariam.
Rui Prado (Famato), Jandir Milan (Fiemt) e Pedro Nadaf (Fecomércio) começaram ontem mesmo a se articular junto à classe política e outros segmentos economicamente ativos para que um movimento seja realizado e levado até Brasília no sentido de formalizar pedidos para que a presidente da República, Dilma Rousseff, que sempre foi favorável à obra, determine a busca de soluções emergenciais evitando que o processo seja totalmente zerado.
"Vamos buscar soluções possíveis, legais, e que não comprometam o já atrasado cronograma das obras da ferrovia que tem mais de 1,638 mil km de extensão e interliga os estados de Rondônia, Mato Grosso e Goiás", disseram os presidentes. O projeto da Fico sairá de Vilhena (RO) indo até Campinorte (GO), passando por Lucas do Rio Verde, Água Boa, Gaúcha do Norte e Nova Ubiratã.