Cuiabá é apenas a 57ª cidade no ranking de qualidade do saneamento básico entre os 81 maiores municípios do país. Isso é o que revela pesquisa feita pelo Instituto Trata Brasil, que aponta ainda a Capital de Mato Grosso com apenas 39% da população tendo acesso a tratamento de esgoto.
A pesquisa do Trata Brasil foi divulgada ontem. O instituto é um dos mais renomados defensores de políticas voltadas à universalização do saneamento no país. Os dados mostram que Cuiabá tem 39% da população atendida com tratamento de esgoto, enquanto o fornecimento de água chegaria a 99% da população, apesar da frequente reclamação sobre interrupção do serviço.
O relatório do Trata Brasil foi feito com dados de 2009 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), mas pouca coisa mudou desde então em Cuiabá. Isso se deve principalmente à paralisação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) depois de denúncias de direcionamento nas licitações da primeira fase do projeto e que somam R$ 240 milhões.
A pesquisa mostra ainda que um dos grandes problemas de Cuiabá é a perda total de água, que representa a diferença entre o volume produzido e o faturado, ou seja, 61%. Esse item coloca a Capital entre as 13 piores cidades do país, contrapondo a bom índice de forneci- mento de água.
Entre os 10 municípios que tiveram melhor avaliação do saneamento (incluindo fornecimento de água, tratamento de esgoto, valor da tarifa, entre outros), 5 deles são do Estado de São Paulo. O resultado mostra que o bom desempenho pode ser obtido pelo poder público, já que apenas a 9ª colocada (Niterói-RJ) repassou os serviços à iniciativa privada como deseja o prefeito Chico Galindo (PTB).
Os demais líderes do ranking do saneamento têm os serviços feitos pelos municípios ou por empresas de economia mista, como é o caso da Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap), que tende a ser extinta com a concessão sonhada por Galindo.
O presidente do Sindicato dos Servidores da Sanecap, Ideueno Fernandes, afirma que a gestão pública seria a melhor forma de garantir a existência da empresa e assegurar o trabalho de aproximadamente 600 pessoas. Ele sugere uma parceria pública da prefeitura e a Sabesp e Copasa, de Minas Gerais, como vem sendo discutido pelo prefeito Tião da Zaeli (sem partido), em Várzea Grande. Galindo afirma que a concessão seria o caminho mais curto para universalizar o fornecimento de água em 3 anos e o esgoto em 10 anos. Alega ainda que a situação da Capital se deve ao fato de que grande parte dos gestores não investiram no setor nos últimos 40 anos.