Longe dos holofotes da imprensa, numa estratégia discutida sob sigilo no partido e nos bastidores do Palácio Paiaguás, o PMDB movimenta as principais peças do tabuleiro político para "avançar" sobre secretarias de primeiro escalão. Presidente do diretório estadual, deputado federal Carlos Bezerra, admite que a legenda tem interesse sobre pelo menos 4 pastas, as que abrangem a face social do governo Silval Barbosa (PMDB). Na lista de pastas cotadas que poderão passar às mãos da sigla, com possível dança das cadeiras, estão as secretarias de Educação, Saúde, Assistência Social e Esportes e Lazer.
A área da Educação, sob responsabilidade de Rosa Neide Sandes, está na cota do PT e articulações seladas nos últimos dias remetem substituição, com retorno ao setor do ex-deputado federal Ságuas Moraes. Ele define com o governador nos próximos dias os encaminhamentos para assumir a área no Estado, provocando também alterações sobre a presidência do partido em Mato Grosso. A Secretaria de Saúde, gerida por Pedro Henry e a pasta de Esportes, tendo a frente Carlos Antônio Azambuja, contemplam o PP.
A Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania tem a frente Roseli Barbosa, primeira-dama do Estado. Dessa forma, não deve sofrer mudanças mas poderá recepcionar "ideias" do PMDB que poderão ser somadas as ações já implementadas. "Se houver espaço o partido tem interesse nessas áreas, podemos conversar, porque o PMDB tem um trabalho voltado principalmente para o social", revelou. Aos poucos, a legenda amplia a força dentro do espaço governamental. Tática da legenda que prevê centralização de poder pode ser observada em mensagem que tramita na Assembleia Legislativa, que dispõe sobre a ampliação da responsabilidade da Secretaria de Estado de Cidades, sob gestão de Nico Baracat (PMDB).
A matéria prevê abrangência da pasta para comando de obras de Secretarias como a de Transporte e Pavimentação Urbana, sob comando de Arnaldo Alves de Souza Neto e ainda sobre a Educação. O tema é ponto de acalorados debates no Poder Legislativo, por meio da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), presidida pelo deputado Ademir Brunetto (PT). Membros da comissão, como o deputado Ezequiel Fonseca, se colocam contrários a aprovação da mensagem seguindo texto original e apresentam emendas para alteração que visa preservar domínio da Seduc sobre as obras da rede pública de ensino.
Oficialmente, o governador nega as movimentações. Teme desconforto entre secretários. Mas os planos para remanejamentos e troca de gestores foram traçados ainda no início do atual mandato. Informações destacam que Silval prefere nesse momento "esperar resultados dos secretários".