Reunião da bancada federal mato-grossense que será realizada amanhã, em Brasília, com a presença do governador Silval Barbosa (PMDB), será crucial para a definição de temas emblemáticos e no mínimo preocupantes para o Palácio Paiaguás. Os debates serão norteados por questões como a crise econômica internacional, que gera efeito dominó no país e no Estado, com arrocho do caixa público e ainda sobre ponto polêmico relativo a Copa de 2014, referente ao modal de transporte, na luta pelo VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Coordenador da bancada federal e da bancada do Centro-Oeste no Congresso Nacional, deputado Wellington Fagundes (PR), coordena a ação. Silval deve viajar hoje para Brasília, em uma agenda institucional.
Ele está à frente de ação que tenta ainda abrir vias junto ao governo federal para outros itens como a organização da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudeco). Existe temor da bancada sobre o impacto da crise econômica. No governo, a projeção dos reflexos cria ambiente de preocupação, com redefinições de meta, projetos e programas, principalmente os norteados na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que precede a Lei Orçamentária anual (LOA). O aperto de cinto determinado pela presidente Dilma Rousseff (PT) atingir de cheio o Estado numa onda crescente.
Recentemente foi definido pela presidente redução da remessa de recursos para o Estado, de quase R$ 2,5 bilhões, para obras gerais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na mesma escala, o Palácio Paiaguás foi obrigado a rever os contornos dados ao orçamento do próximo exercício, com desenho que prevê repetição do orçamento em vigência, de R$ 11,2 bilhões e não mais de R$ 12,1 bilhões, como havia sido estimado nos estudos encaminhados à Assembleia Legislativa.
Os dados causam reação entre deputados, que discutem no encontro uma fórmula para amenizar os avanços da crise sobre o Estado. Wellington destaca a necessidade da consolidação urgente de medidas que possam garantir "muro de defesa" para o Estado. Entende que é preciso encontrar caminho junto ao governo federal para assegurar patamar menos oneroso. "A situação é muito preocupante porque a questão da crise é séria e poderá atingir Mato Grosso de maneira brusca. Vamos encontrar uma maneira de melhorar esse quadro porque obras de extrema importância para o Estado e municípios estão em risco", alerta.
A organização da Sudeco é outro ponto de atenção. Falta preenchimento do quadro geral da diretoria e representantes da bancada do Centro-Oeste cobram decisão do governo federal para as nomeações. Engenheiro sanitarista, Cléber Ávila, indicado pelo PSB, faz parte dos quadros, sob comando de Marcelo Dourado. A pressa está intrinsecamente ligada ao cenário dos recursos. Sem definição da equipe, ficam emperradas ações relacionadas a gestão da verba. Para Mato Grosso, a estimativa é de R$ 1,3 bilhão dentro dos moldes do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FCO).
Deputado federal Homero Pereira defende a formação de bloco suprapartidário para defesa do Estado junto a presidente da República, nos trabalhos para garantia de recursos a Mato Grosso. Senador Jaime Campos (DEM) disse que o Estado precisa montar estratégia para contrapor a "avassaladora" decisão do governo federal de prever mais cortes e foi mais além ao frisar que o panorama da crise precisa ser combatido de forma veemente pela bancada e pelo governador. A reunião deve ocorrer à noite.