Jayme Campos fez um desabafo hoje na tribuna do Senado, ao condenar o assassinato de dois prefeitos e um jornalista, nos últimos 15 dias em Mato Grosso. Ele revelou que os crimes traumatizaram a todos e criaram um sentimento de revolta “calcinado pela vergonha” na sociedade regional. Enfático, o senador disse que é preciso combater o crime em todas as suas esferas. E foi mais longe ao afirmar que a falta de elucidação das mortes aumenta a desconfiança “em relação à capacidade do governo e de seus gestores de recuperar a estabilidade moral do Estado como protetor da vida e do futuro dos nossos cidadãos”.
Os crimes levaram Jayme Campos a também fazer um apelo para que o governo do estado e a Polícia Civil voltem a negociar o fim da greve da corporação. O senador informou que os prefeitos do estado fizeram hoje uma manifestação em Cuiabá pedindo mais segurança para concluírem seus mandatos, assustados com a morte dos dois colegas.
– Eles foram alvejados por pistoleiros profissionais, que executaram suas vítimas com covardia e crueldade. Foram abatidos também pela inércia do Estado, que não consegue proteger sequer seus representantes escolhidos legitimamente pelo povo. Esses bandidos atingiram a soberania de nossa comunidade, ferindo nossa autodeterminação, nossa confiança e nossa imagem perante a nação. Lançaram nossa região a um estado profundo de tristeza e luto – lamentou o senador.
No último dia 23 de julho, Valdemir Antonio da Silva, prefeito de Novo Santo Antônio, a 1.063 quilômetros de Cuiabá, foi morto com dois tiros no peito em sua casa. Os dois filhos adolescentes, de 13 e 16 anos, presenciaram o crime. Um dia antes, o jornalista Auro Ida também fora assassinado a tiros, quando deixava a namorada em casa, no bairro Jardim Fortaleza, em Cuiabá. De acordo com informações da Polícia Militar, Auro teve seu veículo abordado por um homem, que bateu no vidro e mandou que a namorada dele descesse. Em seguida, disparou ao menos cinco tiros contra o jornalista.
Na semana passada, a vítima foi o prefeito de Nova Canaã do Norte, Antônio Luiz Cesar de Castro. Luizão, como era conhecido, participava de uma festa quando foi alvejado por cinco disparos, vindos de um homem encapuzado. O prefeito morreu no local e o crime foi presenciado por uma de suas filhas. A polícia ainda não desvendou os crimes.
– Precisamos reagir de forma dura e exemplar para que tragédias como essas não se repitam. Apenas a punição, o castigo e a repressão poderão purgar os maléficos sociais desses atos. Neste momento, de grande apreensão, de uma nítida sensação de insegurança, a Polícia Civil de Mato Grosso encontra-se em greve. Investigadores, agentes, escrivães reivindicam melhores salários e condições de trabalho. Este movimento, embora legítimo, contribuiu para a sensação de desamparo da nossa comunidade – explicou o senador, que fez um apelo aos líderes sindicais e ao governo para que retomem as negociações a fim de encerrar a greve.
Jayme Campos destacou ainda o que chamou de “alarmantes índices de criminalidade” em Mato Grosso, onde somente na Grande Cuiabá 203 pessoas foram assassinadas este ano. O momento, segundo o senador, é de apreensão, medo e incerteza. Jayme apresentou votos de pesar e de solidariedade aos familiares dos prefeitos e do jornalista assassinados.