Governador Silval Barbosa (PMDB) afirmou que fará a última gestão em Brasília, em favor da escolha do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) como modal de transporte para a Copa de 2014, na próxima terça-feira. “Vou a Brasília e quando voltar terei a resposta”, informou. O governo tentará apoio da presidente Dilma Rousseff (PT) com objetivo de assegurar inserção do modal na matriz de responsabilidade do Comitê Gestor da Copa, que prevê para as cidades sede do Mundial o BRT (Bus Rapid Transit).
Estudos da Agência Executora da Copa (Agecopa), apontam vantagens para implementação do VLT e o Executivo respalda a proposta. Mas diante da posição de mi- nistérios como o das Cidades, de vedar mudanças, Silval admite rever o tema.
A definição do Comitê Gestor está prevista para o dia 15 deste mês. Será a sinalização para contratação de financiamentos validados pelo governo federal. O BRT tem assegurados recursos da ordem aproximada de R$ 488 milhões. O VLT, em estimativa inicial de R$ 1 bilhão, poderá ser consolidado a custo menor, de cerca de R$ 700 milhões ou menos dependendo das negociações com empresas interessadas em participar do processo.
Havia previsão sobre o BRT, mas houve alteração da opção do governo após constatação de melhorias no modal VLT, como custo benefício, qualidade dos serviços e implementação de sistema moderno na capital mato-grossense. Silval não esconde a preferência pelo VLT, mas alerta sobre a necessidade de o Estado tem garantida via por meio da aprovação do governo federal. Mato Grosso possui capacidade de endividamento de R$ 2,5 bilhão. Mas o governador teme assumir os custos do VLT que poderiam comprometer o caixa público.
Presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva, defende a instalação do VLT por entender que a população merece sistema de qualidade com preço de tarifa compatível com o bolso do trabalhador. Ele coordena audiência pública para discutir o tema com a sociedade civil organizada. A posição dele é comungada por representantes do aglomerado comercial a ser desapropriado, da Prainha, que ques- tiona a escolha pelo BRT. O ponto que mais chama a atenção está ligado ao contexto das desapropriações. Presidente da Agecopa, Eder Moraes alerta que o VLT evitará cerca de 90% das intervenções, além da economia com indenizações que deverão somar mais de R$ 1 bilhão.
A defesa pelo VLT será levada às ruas na próxima terça-feira, em passeata no centro de Cuiabá que contará com participação de representantes de vários segmentos, como da Associação de Empresários e Locatários da Prainha. Diretora da associação, Lara Nunes convoca participação da sociedade e solicita adesão de lojistas, para que só abram as portas após às 10h30, na data.
A meta é ampliar o número de participantes. “O emprego de centenas de famílias está em jogo”, disse ao lembrar que “por experiência mundial o VLT também valoriza comercia mente em mais de 50% a região em que está instalado”. Diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), João Bosco Linhares, questiona os números apresentados sobre o BRT. Criticou ainda a falta de informações sobre os sistemas e se alia à defesa pelo VLT. “Mesmo que VLT fosse mais caro, o Estado teria que repensar a escolha do sistema de transporte público com o objetivo de preservar empresas que geram emprego e renda a centenas de famílias”, disse. Acrescentou que “o Estado trocará empresas que pagam impostos e compõem a promoção social por camelôs que se instalarão na localidade liberada”.