Superintendente do Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Mato Grosso, Nilton de Brito, poderá deixar o comando do órgão a qualquer momento. Ele entregou carta pedindo sua exoneração ao ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, em audiência realizada na quarta-feira, em Brasília. Mesmo sendo um dos alvos da faxina determinada pela presidente Dilma Rousseff (PT), decorrente do polêmico caso sobre corrupção e irregularidades em processos licitatórios e tráfico de influência no setor, Brito rebate informações de que estaria na lista dos possíveis demitidos. E vai além ao avisar: “Assumi com o Pagot e se ele for exonerado eu saio”.
Ele assumiu a função no Dnit do Estado em 2010, indicado pelo diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot (PR), que está de férias mas poderá deixar o comando do órgão, como previsto pelo governo federal. No encontro com Paulo Sérgio, o ministro não teria confirmado a informação de que ele faz parte do quadro de servidores que deverão ser demitidos. Mas, as ações a cargo do ministro apontam o Estado como um dos pontos de investigação do episódio.
Brito disse que expôs na reunião com Paulo Sérgio os motivos que poderão levá-lo a deixar a superintendência, como a estreita ligação com Pagot. Engenheiro civil e funcionário de carreira da Secretaria de Infraestrutura, ele atuou na gestão do ex-governador Blairo Maggi, com aval de Pagot. O nome dele surge nessa etapa do escândalo por ser irmão de Milton de Brito, dono da Engeponte Construções. A empresa aparece nesse cenário porque fechou contratos da ordem aproximada de R$ 2 milhões com o Dnit nos últimos dois anos, pressupondo favorecimento nas negociações.
Diante da série de denúncias e reportagens publicadas na imprensa, o Palácio do Planalto tenta conter o aumento da polêmica. Determinou triagem sobre as entrevistas a serem concedidas pelos representantes do Ministério dos Transportes e das autarquias. Paulo Sérgio tem se pronunciado, mas segundo a assessoria do ministério, somente por meio de entrevista coletiva.
Pagot promete “expor todo o cenário” ao final das férias. É um recado velado caso persista decisão do governo federal de exonerá-lo. Costuras políticas do governo do Estado junto à presidente Dilma Rousseff tentam amenizar os reflexos negativos para Mato Grosso. Informações apontam ainda para tentativa de republicanos de reverter o atual quadro, mas existe receio da presidente sobre as consequências do atendimento ao pleito.
No Palácio Paiaguás o tema tem sido discutido com cautela. O governador Silval Barbosa (PMDB) confia na possibilidade de o Estado vir a assegurar o espaço no Dnit. Pede respaldo da nacional do PMDB e aguarda resposta para os próximos dias.
A cúpula do PR no Estado tem debatido o assunto exaustivamente. Presidente do diretório estadual, o deputado federal Wellington Fagundes considera preocupante a situação. Ele destaca a necessidade de investigação e esclarecimento dos fatos, mas alerta para a importância de serem comprovadas as denúncias para se separar “o joio do trigo”, se for o caso. Ele teme as consequências para Mato Grosso, como a paralisação de obras fundamentais para a continuidade do desenvolvimento. “Acho que essa questão precisa ser esclarecida, mas temo pelos prejuízos que o Estado e outras unidades federativas poderão sofrer”, disse. O assunto volta a ser debatido pela direção da legenda, na próxima semana, em reunião do PR, na Capital.