O deputado federal Júlio Campos (DEM/MT) recordou, com pesar, na tribuna da Câmara dos Deputados os cinco anos da morte do exemplar militante político Dante Martins de Oliveira, também intitulado “Pai das Diretas Já”, embrião do retorno às eleições diretas para presidência da República no Brasil. “Dante de Oliveira deixa em MT e no país a saudade nos corações, o exemplo de altruísmo, de estadista, líder político, luta e mobilização. Queremos sempre lembrar dele como um homem político incansável em busca do bem comum a todos”, afirmou Júlio Campos.
Segundo o parlamentar, Dante fez uma brilhante história política e deixa um legado político sem precedentes para Mato Grosso e ao Brasil com sua atuação política visionária. “Ele viveu apenas 54 anos e deixou o legado de um estadista, de amigo, de companheiro”, afirmou.
Segundo Campos, além de trabalhos importantíssimos prestados a Mato Grosso, um dos trabalhos ícones da atuação de Dante foi a Emenda Constitucional “Diretas Já”, que mobilizou vários setores da sociedade brasileira, inúmeros partidos políticos de oposição ao regime militar, lideranças sindicais, civis, artísticas, estudantis, e jornalísticas, como do setor cultural. Além da participação de figuras ilustres da política nacional, como Tancredo Neves, Franco Montoro, Orestes Quércia, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Luiz Inácio Lula da Silva e Pedro Simon, para propagar sua emenda à Constituição.
Para o parlamentar, a emenda de Dante foi o combustível para levar a população de vários estados em massa, de Pernambuco, Goiânia, e Curitiba às ruas, o que culminou posteriormente na extraordinária manifestação de São Paulo que reuniu mais de 1,7 milhão de pessoas em defesa das “Diretas Já” considerada a manifestação cívica que mais marcou a volta da politização da sociedade brasileira.
O então deputado federal Ulysses Guimarães se referiu ao movimento com uma frase célebre: “Vi a história brotar nas ruas e na garganta do povo”. Ulysses faleceu no dia 12 outubro de 1992, em acidente de helicóptero no litoral do Rio de Janeiro.
Filho de Sebastião de Oliveira e Maria Benedita Martins de Oliveira, Dante Martins de Oliveira graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas seu legado foi deixado a política brasileira e ao povo.
Ainda na universidade militou no MR–8 (Movimento Revolucionário Oito de Outubro) quando o referido movimento já havia optado pela via política ao invés da luta armada contra o Regime Militar de 1964 e a seguir ingressou no MDB. Em 1976 se candidatou pela primeira vez a vereador de Cuiabá e não teve sucesso, em 1978 foi eleito deputado estadual, em 1982 foi eleito deputado federal. Em 1985 com o retorno das eleições diretas para prefeituras das capitais, foi eleito em Cuiabá, tendo se licenciado em 1986 para o Ministério da Reforma Agrária no governo de José Sarney. Em 1990 foi eleito deputado federal pelo PDT, mas não conseguiu tomar posse em virtude do quociente eleitoral não ter sido atingido pela sua coligação. Em 1992 foi eleito novamente prefeito de Cuiabá, em 1994 e 1998 foi eleito governador de Mato Grosso. Em 2002 perdeu a eleição ao Senado para Serys Slhesarenko e quando se preparava para retornar à Câmara Federal foi ceifado pela morte “prematura” no dia 06 de julho, aos 54 anos. “Ele deixou marca indelével na história de Mato Grosso”, avalia o parlamentar.