Alvo de investigação por suposta manutenção de servidores “fantasmas” no quadro funcional, a Câmara Municipal de Várzea Grande terá que prestar explicações sobre fortes indícios que apontam para possível confirmação das suspeitas. A Delegacia Fazendária confirmou, com base nas investigações do Ministério Público Estadual (MPE), a “contratação” do servidor comissionado Edmar Souza Neves, morador de Rondonópolis, que não teria exercido função alguma no Legislativo. Ele e outros suspeitos no processo começam a ser ouvidos pela Polícia Civil nos próximos dias, como confirmou o delegado Rogério Modelli.
Novos documentos foram requeridos. Presidente da Câmara, o vereador Gonçalo Pedroso de Barros (DEM), o Maninho, confirmou pedido da Delegacia Fazendária sobre exposição do quadro atual dos servidores lotados nos gabinetes dos parlamentares. Informou que já determinou a confecção do diagnóstico e que a previsão é entregar os dados até a próxima terça-feira, mas a ação poderá ser antecipada na segunda-feira. Em tom enfático, disse que vê com naturalidade o processo investigatório e que “quem tem culpa tem que pagar”.
O servidor integra lista de quatro suspeitos que fariam parte de um esquema orquestrado pelo Legislativo, conforme consta na denúncia. No início de junho, a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na Câmara para investigar contratação de funcionários que mesmo sem trabalhar, estariam na folha de pagamento. No período, o Legislativo era comando pelo vereador João Madureira (PSC), que renunciou à presidência, assumindo a vaga Gonçalo Pedroso.
A greve de investigadores e escrivães da Polícia Civil, por melhores salários, poderá gerar atraso nos procedimentos que visam convocação de suspeitos para depoimento. Após investigação do Ministério Público, teria ficado comprovado que Edmar fez parte da folha de funcionários no período de janeiro de 2005 a dezembro do mesmo ano. O problema é que também teria sido confirmada a informação de que ele não exerceu a função em sua plenitude, ou seja, não fez parte dos trabalhos da Câmara.
O suposto servidor fantasma teria feito parte dos quadros do Legislativo sob presidência, à época, do vereador Gonçalo Ferreira de Almeida (hoje no PP), conhecido como Pente Fino. As investigações utilizam informações com base em documentos apreendidos em mais de 30 caixas retiradas do Legislativo pela Delegacia Fazendária quando foi deflagrada a operação, atendendo determinação do juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, a pedido do MPE. O promotor de Justiça Tiago de Souza Afonso da Silva apura o caso na área civil. O episódio é acompanhado ainda pela promotora Ana Cristina Bardusco, que poderá decidir pelo oferecimento de denúncia criminal contra os citados no processo.