Apesar do clima festivo pela inauguração da sede da Embrapa, em Sinop, na semana passada, houve momentos de questionamentos. A principal questão levantada foi em relação a estrutura logística mato-grossense. O tema foi exposto por autoridades políticas estaduais como o governador Silval Barbosa (PMDB) e também pelo senador Blairo Maggi (PR). O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, chegou a se declarar um apoiador da causa. No entanto, pediu também mais empenho das autoridades locais para amenizar o problema.
Em entrevista ao Só Notícias, Maggi afirmou que a bancada mato-grossense no Congresso Nacional vem realizando sua parte. No entanto, criticou o excesso de burocracia atrapalha o andamento das obra públicas, que poderiam melhorar a vida dos produtores e cidadãos de Mato Grosso. Para ele, o que falta não é uma mudança de mentalidade em relação ao assunto e sim de priorização de recursos, além de desburocratizar as exigências.
“Hoje em dia todo mundo no país virou fiscal, todo mundo virou polícia, todo mundo cobra. Quem quer fazer, quem quer trabalhar, não consegue mais. Hoje está muito mais difícil sanar a “guerra” do papel para fazer uma obra, do que fazer a obra especificamente”, declarou.
Segundo Maggi, a questão da logística sempre irá existir, por isso, é preciso ficar sempre atento ao setor. “A conclusão da BR-163 é um sonho de quantos anos? Trinta anos trabalhando e ainda não ficou pronta totalmente. As ferrovias que estão sendo projetadas e estão chegando. A questão de infraestrutura sempre vai existir. Se pegarmos como exemplo os Estados Unidos, que é um país que tem uma estrada em cima da outra, quando chegou a crise de 2010/2011. O quê o presidente disse? Vamos construir mais estradas. O que quero dizer é que estamos apenas iniciando nosso processo de construção de uma infraestrutura viável para retirar as milhões de toneladas de grãos da região”, destacou.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro, também compartilha da mesma opinião. Para ele, Mato Grosso é carente de infraestrutura logística e precisa avançar rapidamente neste setor. “Está avançando [logística], mas precisamos avançar muito mais. A BR-163 ficará pronta no ano que vem, mas já está estrangulada. Não dá conta de transportar a quantidade de carga que nós temos para ela atualmente”.
Fávaro aponta que é necessário o investimento em outros tipos de transportes, que além de serem uma alternativa, podem também baratear o custo da produção e deixar os produtos mais competitivos. “Por isso, tem que vir ferrovia e hidrovia. Integrar os modais e trazer competitividade aos produtores e aos cidadão de Mato Grosso. Certamente teremos oportunidades muito maiores”.
Conforme Só Notícias já informou, as entidades de classe lutam pela construção da Hidrovia Teles Pires-Tapajós. O empreendimento orçado em R$ 2 bilhões, traria aos produtores uma economia de até R$ 2 bilhões no valor do frete, já que a produção seria transportada pelo rio a um custo bem menor.