O senador Pedro Taques (PDT-MT) cobrou, esta tarde, mais transparência na condução dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) encarregada de investigar as relações de agentes públicos e privados com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Membro da CPI mista, o senador ainda criticou o esquema de segurança montado para que parlamentares tenham acesso aos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal (PF).
"Isso é ridículo, não vou me prestar a essa norma. Não tem como ler e analisar milhares de páginas em apenas três horas. Não há de se falar em sigilo do que é público. Além disso, o que é feito às escondidas dá a impressão de ser ‘maracutaia", discursou, na tribuna do Senado. Taques expôs que a medida prejudicará a coleta de informações que subsidiarão as perguntas realizadas durante os depoimentos que começam nesta semana.
O plano montado para acesso aos inquéritos prevê que os parlamentares terão que acessar os documentos por três computadores disponibilizados em uma sala do Senado, que será monitorada por câmeras e um policial da Casa. Os parlamentares (32 membros titulares e 32 suplentes) terão que entrar nas cabines sem assessores e sem aparelhos eletrônicos e fazer todas as anotações com papel e caneta.
Embora as medidas tenham sido tomadas com o intuito de evitar novos vazamentos de áudios, vídeos e textos dos inquéritos da PF, o senador Pedro Taques sustenta que as restrições vão de encontro ao disposto no artigo 58 da Constituição Federal. O dispositivo atribui à CPI mista poderes de investigação "próprios das autoridades judiciais".
"Seremos prejudicados na preparação para os depoimentos. Sinto que a nossa atribuição constitucional de fiscalizar está sendo subtraída", enfatizou Pedro Taques. Após o discurso, o presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), afirmou que deverá abrir a possibilidade de assessores parlamentares terem acesso aos documentos sigilosos.