A posição de confronto assumida pelo vice-governador Francisco Tarquinio Daltro (PSD) em defesa da presidente da Ager-MT, Márcia Vandoni, e da polêmica regra da licitação do transporte intermunicipal de ônibus abalou as bases de sustentação do governo Silval Barbosa (PMDB) na Assembleia Legislativa, a ponto do líder do PR, maior bancada governista, Mauro Savi, ameaçar assinar projeto de decreto legislativo de autoria do deputado Percival Muniz (PPS) que anula o edital de licitação.
Percival Muniz já havia publicamente criticado a falta de respeito do vice-governador para com o Poder Legislativo, apontando que os deputados não teriam competência para mudar o que foi decidido pela Justiça. Francisco Tarquinio, em coletiva, apontou que o Estado está cumprindo uma determinação judicial e que somente outra decisão judicial poderia suspender a licitação e não uma decisão dos parlamentares.
O dia de ontem foi de abafa-abafa no Palácio Paiaguás para impedir que a crise se alastrasse. Tudo começou por causa dos apontamentos do deputado Emanuel Pinheiro (PR) de que existiriam falhas e irregularidades nas regras propostas pela Ager-MT para a licitação do sistema de transporte intermunicipal que prevê recursos da ordem de R$ 9 bilhões. Segundo Emanuel, a Ager teria encontrado meios de burlar o que teria sido soberanamente decidido por todos os 24 deputados estaduais em favor da população.
Alguns deputados interpretaram as criticas do vice-governador, como sendo ríspidas, desnecessárias e que afrontavam a gestão republicana de fazer as coisas democraticamente e com debates como sempre determina o governador Silval Barbosa na gestão da coisa pública.
O fato de Daltro se antecipar e pedir para apresentar na Assembleia na terça-feira, 20, ao Colégio de Líderes, portanto, em reunião fechada com os deputados e longe dos olhos da imprensa, também soaram como um desafio à decisão dos parlamentares que convocaram na última quarta-feira a presidente da Ager-MT, Márcia Vandoni. Ela sequer compareceu na coletiva realizada na quinta, quando Francisco Tarquinio Daltro retrucou as críticas dos deputados e colocou em dúvida os reais motivos de Emanuel Pinheiro e de outros parlamentares, a quem Daltro apontou ser interessado em manter o atual sistema monopolizado por vínculo de parentesco com proprietário de empresa.
"Só desejo uma coisa, que a população que é quem anda de ônibus e não os técnicos do governo e nem as autoridades como o vice, assim como eu, que não me utilizo do meio de transporte coletivo, seja bem atendida, pois ela paga pelo serviço e merece respeito", se limitou a dizer Emanuel Pinheiro, apontando não desejar polemizar, mas sim solucionar a questão em definitivo.
A reunião marcada para segunda-feira, 19, pela manhã na casa do líder do PR, Mauro Savi, para discutir a posição do partido nas eleições, terá uma agenda extra. "Vou levar o assunto para todos os republicanos, mas numa conversa inicial, todos são favoráveis a paralisar o edital de licitação até que as coisas sejam devidamente esclarecidas. Não dá para ficar questões em aberto. Queremos o melhor para a população, mas tem que ser de forma clara e sem atropelos", disse o líder Mauro Savi.