Ex-líder do Executivo na Câmara de Cuiabá, vereador Everton Pop (PSD), presidirá a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que deve investigar as dívidas da Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap) com as Centrais Elétricas Mato-grossenses (Cemat), estimadas em cerca de R$ 119 milhões. Além de Pop, são titulares da comissão os vereadores Chico 2000, como relator, e Paulo Borges (PSDB).
Antes mesmo da primeira reunião, o grupo já pode se deparar com uma surpresa. Autor do requerimento que deu origem à CPI, o presidente da Câmara, Júlio Pinheiro (PTB), apresentará, nas próximas sessões, um novo requerimento para aumentar o escopo das investigações. A proposta é que além da dívida da autarquia, também sejam investigados os débitos da prefeitura de Cuiabá com a empresa.
Pinheiro não soube estimar o montante devido pela Prefeitura à Cemat, mas, de acordo com ele, após a revisão dos cálculos, será possível atingir uma economia de até R$ 50 milhões nos débitos com a empresa.
O que o motivou a pedir uma CPI foi o fato da dívida, apresentada pela empresa em dezembro de 2007, no valor de R$ 68 milhões, ter sido acatada pelo ex-prefeito Wilson Santos (PSDB) sem qualquer auditoria e, agora, cinco anos depois, com o pagamento de cerca de R$ 9 milhões somente na gestão do prefeito Chico Galindo (PTB) o débito ser 75% maior.
Ele não esconde o clima de guerra declarada contra a empresa. Pinheiro anunciou a CPI em dezembro do ano passado, quando a Cemat ainda tentava barrar, na Justiça, o processo licitatório para a concessão dos serviços de saneamento da Capital. Mesmo com a concessão homologada, o vereador garantiu que tem total interesse em concluir o inquérito.
Para isso, contudo, terá que mostrar total controle sobre a Mesa Diretora já que, de acordo com o artigo 58 do Regimento Interno da Câmara, o presidente da Casa terá prazo de 48 horas, contados a partir da criação da CPI, para publicar a resolução de sua constituição, o fato a ser investigado, os vereadores que a constituirão e sua duração.
O requerimento que criou a comissão foi aprovado, por unanimidade dos vereadores, em uma das primeiras sessões dessa legislatura, em 7 de fevereiro. Na última quinta (8), Pinheiro garantiu que já tinha encaminhado a resolução para a publicação, contudo, os cargos de cada parlamentar na CPI ainda não foi oficialmente divulgado em plenário.