Os principais líderes do PSB, PDT, PPS e PV identificaram no ciclo de debate sobre saúde as falhas do sistema em Cuiabá e apontaram algumas soluções. O ato foi realizado, ontem à noite, na Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) com cerca de 300 pessoas. Além de líderes partidários, foram convidados para expor diagnóstico e contribuições ao tema, o médico e cirurgião Kamil Fares e a professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), advogada e enfermeira Wildce Costa. O debate reuniu ainda outros representantes da categoria médica, como associações e conselhos.
Ela apontou deficiência na gestão financeira e do setor pela administração da capital, que deveria ter mais qualidade, pois os recursos para a saúde existem no governo federal. "Cuiabá tem apenas 43,8% de cobertura na atenção básica de saúde. Até a captação na saúde no município de Cuiabá é deficiente".
Segundo a professora e profissional de saúde, "há omissão completa do governo do Estado dentro do município de Cuiabá". "O governo do Estado tinha que colocar serviço nos hospitais regionais para evitar que o indivíduo ande 700 Km para ser atendido em Cuiabá".
O médico Kamil Fares listou que é necessário atuar na prevenção da saúde de crianças e jovens para se ter adultos e idosos com qualidade de vida. "Pobreza e falta de saneamento trazem doença. Mato Grosso é campeão de hanseníase, lepra, doença da época dos romanos". Ele apontou ainda que pesquisa no setor recentemente mostrou 51 bairros com problema e que 70 mil pessoas não têm esgoto e saneamento por processo de favelização. "Essas pessoas vão ficar doente".
Um representante da igreja católica também apresentou o tema saúde da Campanha da Fraternidade realizada anualmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cujo o lema de 2012 é "Que a saúde se difunda sobre a terra".
O presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Mato Grosso, deputado federal Valtenir Pereira observou que por "burocracia" o Instituto Lions da Visão e o Hospital do Câncer perderam recursos do governo federal de 2012. "Por duas vezes destinamos recursos para o Instituto Lions da Visão e por burocracia do governo federal perdemos. Mas vamos conseguir recuperar no STJ (Superior Tribunal de Justiça) por decisão judicial". No caso do Hospital do Câncer, o parlamentar destinou R$ 1,2 milhão no orçamento da União de 2012.
O governo federal exige a Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas) para liberar verba do orçamento. O certificado do instituto não foi renovado. O senador Pedro Taques (PDT) identificou que Cuiabá pode receber mais recurso se houvesse "administração com decência e moralidade". "Cuiabá poderia obter o dobro de recursos para a atenção básica de saúde junto ao governo federal. Falta gestão de qualidade".
O presidente do PSB de Cuiabá, Mauro Mendes, defendeu a visão e atuação conjunta de líderes políticos na saúde sem se esquecer do impacto da população do interior. "Se falamos de saúde pública temos que falar do interior, porque Cuiabá não tem só importância geopolítica, mas estratégica para outros serviços", comparou. "Tivemos a CPMF, imposto que recolheu bilhões, mas parece que não foi bem aplicado". Embora tenha apontado falhas no setor, Mauro relatou que há cidades em Mato Grosso com ilhas de bons serviços no setor, como Lucas do Rio Verde, Sorriso, Nova Mutum e outros.