Depois de brigar na Justiça para conseguir retirar do papel a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) proposta por ele para investigar a atuação da CAB Cuiabá no tocante à forma como vem cumprindo ou não o contrato firmado com o município em 2012 por um prazo de 30 anos, o vereador Renivaldo Nascimento (PDT) fala como será a continuidade dos trabalhos nesta semana que se inicia. Primeiramente ele ressalta que estão enviando ofícios aos diretores da empresa, mas no decorrer das apurações o diretor-presidente da CAB, Ítalo Joffily, será intimado para ser ouvido. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de 120 dias.
Na semana passada os membros da CPI presidida por Renivaldo já fizeram uma reunião, inclusive com representantes do Sindicato das Indútrias da Construção de Mato Grosso (Sinduscon), uma das entidades ligadas ao setor imobiliário que denuncia não estar conseguindo entregar empreendimentos, porque a CAB se recusa a reconhecer os projetos de água e esgoto dos residenciais construídos em Cuiabá. Após a coleta de reclamações e denúncias, o vereador disse que saiu do encontro ainda mais preocupado. "Eu já tinha consciência de que os problemas de água e esgotamento sanitário de Cuiabá eram críticos. Hoje, eu vejo que é maior ainda, que é muito pior. Demorou pra sair essa CPI, essa investigação", ressalta o pedetista que é da base do prefeito Mauro Mendes (PSB).
Segundo o parlamentar, a situação piorou, porque eles não tinham conhecimento de forma macro, da dimensão e gravidade dos problemas como ficaram sabendo na reunião realizada na última quarta-feira (02). "Quem é que sabia que casas estão sendo invadidas porque não são entregues? Quem sabia que empresas que construíram residências aqui, privadas, através de financiamento da Caixa Econômica Federal estão pagando juros lá porque não conseguem desvincular do contrato, que não conseguem entregar as casas?", indagou com ar de preocupação.
Sobre esse assunto, o presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais, Comerciais e Condomínios de Mato Grosso (Secovi-MT), Marco Pessoz, disse à imprensa na semana passada que representantes do setor imobiliário de Cuiabá planejam ingressar com ação conjunta na Justiça Estadual contra a CAB Cuiabá. Eles devem acionar o Judiciário nos próximos dias, pois afirmam que existem mais de 10 mil unidades residenciais prontas na Capital, mas que não conseguem a liberação do Habite-se parado porque a concessionária se recusa a ligar os novos empreendimentos à rede municipal de água e esgoto.
De acordo com Renivaldo, hoje, o maior problema é o esgotamento sanitário. Em sua opinião a empresa ainda tem interesse em solucionar a situação da água, pois está instalando hidrômetros por todos os locais para receber mais, enquanto a rede de esgoto continua sendo deixada de lado. "Você acha que alguém vai fazer rede de esgoto em Cuiabá em 1 ano?", indaga o presidente da CPI ao ressaltar que para a CAB Cuiabá conseguir cumprir a meta contratual de coletar e tratar 100% do esgoto produzido na Capital num prazo de 10 anos, ou seja, até 2022, ela precisaria já estar colocando em prática o planejamento e executando as primeiras etapas. "Isso não está acontecendo", afirma ele.
"Nós queremos que a CAB nos apresente qual é o planejamento de execução das obras em Cuiabá", informa ele justificando que se a empresa não inicia a execução das obras, corre-se o risco de lá na frente ela não conseguir cumprir a meta contratual. "E se daqui a 6 anos a empresa chega e diz que não tem mais condições de fazer as obras diz assim eram 10 mil metros e fizemos 100 metros e não temos como fazer mais. Ai o município já está até na garganta de dívidas , comprometido até a alma e ai vai ter que prorrogar, porque dormiram no ponto. Então precisamos colocar esse prazo", ressalta ele.
Também integram a CPI da CAB, o vereador Chico 2000 (PR) como relator, Ricardo Saad (PSDB) como membro titular. Tem ainda Wilson Kero Kero (PRP), Mário Nadaf (PV) e Faissal Calil (PSB) que ocupam os postos de membros suplentes. A CPI foi instaurada com aval da prefeitura de Cuiabá, pois o pedido e a pressão para que saísse do papel partiu de vereadores da base governista, o que mostra que o prefeito Mauro Mendes também não está contente com a atuação da empresa, alvo de milhares de reclamações espalhadas por toda a cidade referentes aos serviços prestados pela CAB. A reclamação campeã é a falta de água.
Outro lado: Procurada, a CAB Cuiabá se manifestou por meio de nota, mas de antemão disse que não irá ficar rebatendo entrevistas e nem questionamentos de membros da CPI, enquanto não for devidamente notificada para prestar esclarecimentos na comissão.