O senador mato-grosse, Blairo Maggi (PR), disse hoje, em tribuna, que se a Casa adotasse outra postura durante a apreciação de matérias, o trabalho dos senadores apareceria bem mais para a população. Ele criticou a forma como tem sido conduzida a pauta de votações do Senado e disse que,‘por meio de acordos políticos", a prioridade é votar matérias de caráter consensual com o Governo.
"Votamos poucas coisa nos últimos anos. Votamos pouco, mas, estamos todos os dias aqui e a nossa produção é muito baixa. Só chega para apreciação do plenário aquilo em que já há um consenso. Na reunião de líderes, se um deles disser que não está de acordo com essa matéria, ou que não está madura o suficiente para fazer a votação, ela simplesmente não entra em pauta e não vamos ver essa matéria andar ", relatou.
De acordo com a assessoria do senador, na última semana o presidente Renan Calheiros reuniu as lideranças para elencar pautas que fossem capazes de atender aos anseios da população após protestos generalizados em todo o país. A prioridade, portanto, não era a existência de consenso ou não com o Governo.
"Nessa semana que trabalhamos tanto quanto nas outras, e que fomos bem mais produtivos, foi porque o presidente Renan exigiu uma pauta contundente. Penso que deveríamos votar temas polêmicos independente das reivindicações nas ruas. Temas polêmicos devem sempre fazer parte da pauta e que vença quem tem mais votos", disse.
Maggi é presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle (CMA), e comparou a atuação das comissões e do plenário. Nas Comissões, os temas que não são de comum acordo dos parlamentares não deixam de ser apreciados. "Desde as 7h30 têm comissões funcionando, e dificilmente você tira alguma matéria de pauta. Pode até pedir adiamento, mas é de apenas uma semana. Por que o procedimento do plenário não segue o mesmo rito das comissões? Tenho certeza que se nossa atitude fosse essa, se a produtividade da última semana fosse rotina no plenário, a população não reclamaria da atuação do Senado", questionou.
"Isso aqui não é um apêndice da nossa vizinha Presidência da República. Somos três poderes autônomos e harmônicos, o que não significa submissão de apreciar apenas o que é de acordo do governo", impugnou ao destacar a possibilidade que o Governo tem instrumentos econômicos, políticos e de convencimento, para mandar a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ao Legislativo ‘fazer as contas" junto com os parlamentares e apresentar ponderações do Planalto.