Com a cassação da prefeita de Comodoro, Marlise Marques Moraes (PR) e o vice Egidio Alves Rigo (DEM), no dia 25 de fevereiro, pelo juiz Almir Barbosa Santos, da 61ª zona eleitoral, o município de 18 mil habitantes vive um verdadeiro caos com protestos diários de moradores contrários à cassação. Outro motivo é a instabilidade política criada com a decisão, uma vez que a cidade está sem prefeito e sem juiz, pois o magistrado que proferiu a decisão não responde mais pela comarca. Agora, caberá ao juízo de Sapezal providenciar a posse do presidente da câmara, Jeferson Ferreira Gomes (PPS), como prefeito interino, possivelmente na segunda-feira (4).
Acontece que o vereador Jeferson Gomes também poderá ser cassado a qualquer momento. Ele e outros cinco parlamentares eleitos pela coligação Juntos por Comodoro (PP, DEM, PTB e PSDB) da base aliada da prefeita são alvos de pedido de cassação dos mandatos, porque o mesmo juiz entendeu que eles também receberam dinheiro não declarado doado pela prefeita às coligações aliadas. Jeferson garante que não sabia das doações e que não viu nem "a cor desse dinheiro". Afirma que vai provar na Justiça que não usou qualquer valor dos R$ 84 mil doados por Marlise e rateado aos partidos aliados dos candidatos proporcionais (vereadores). Ele já preparou a defesa e garante que vai protocolar recurso na próxima segunda feira junto ao Cartório Eleitoral de Comodoro.
Jeferson explica que foi ao Cartório Eleitoral, hoje, e soube que a prefeita Marlise Marques já foi notificada da decisão e quem está na prefeitura é o secretário de Finanças do município, Márcio Lisboa. "A cidade está um caos, protestos de várias partes, sem juiz e com as contas bloqueadas. As obras estão paradas e nada está funcionando". Com o vereador socialista assumindo a prefeitura, quem fica em seu lugar na presidência do Legislativo é Nalberto Júlio da Silva (PDT).
A principal irregularidade que levou à cassação da prefeita e do vice foram verbas arrecadadas na campanha de forma irregular. Entre elas um total de R$ 84 mil que a prefeita diz ter doado para ela mesma e depois rateou em parcelas de R$ 8 mil, R$ 10mil e R$ 12 mil aos partidos integrantes da base aliada para ser usado nas campanhas dos cargos proporcionais. Dessa forma, o juiz da 61ª zona entendeu que os vereadores eleitos pela coligação de Marlise também devem perder os cargos. Contudo, não determinou cassação imediata como foi o caso da prefeita e do vice. "Ele nos permitiu que continuássemos no cargo enquanto recorremos", informa o ainda presidente do Legislativo, Jeferson Gomes.
Além dele, também correm o risco de cassação o vereadores Eliekson dos Santos Jesus, o Lekinha e Hélio Aldo dos Santos Júnior, ambos do (PP), Bernardo Antônio Benites (PSDB), Wender Bier de Souza (PR) e Gustavo Quixaba Lucas (PPS). Todos foram eleitos pela coligação Juntos por Comodoro. Jeferson se defende e sai na defesa dos demais colegas justificando que seria impossível eles saberem durante a campanha que a prefeita não havia declarado os R$ 84 mil divididos aos partidos.
"Nunca usei um centavo desse dinheiro, pois durante minha campanha gastei apenas R$ 2 mil, a maior parte com combustíveis", garante o parlamentar que preferiu recorrer sozinho, porque conforme ele, não irá defender a prefeita cassada, assim como estão fazendo os demais colegas que vão apresentar defesa coletiva, através de um mesmo recurso que também será protocolado no Cartório Eleitoral de Comodoro.
Conforme o vereador, tudo começou quando a prefeita declarou à Justiça apenas R$ 22 mil, mas 40 dias depois fez uma doação de R$ 84 mil para sua campanha e dividiu o dinheiro às coligações em disputa dos cargos proporcionais.
A assessoria de comunicação do TRE não foi localizada para comentar a situação do município e se um novo juiz será designado para atuar em Comodoro.