A demora na definição e a exposição estão levando o médico e diretor do Hospital Santa Helena, Marcelo Sandrin, a sinalizar que não deve aceitar ser secretário de Estado de Saúde, o que pode reforçar a tese do nome petista de Lúdio Cabral. O problema é se a indicação do ex-vereador e candidato derrotado à Prefeitura de Cuiabá se confirmar como ficaria a participação do partido que já detém o comando da maior Secretaria de Estado que é a Educação que neste ano tem um orçamento de R$ 1,6 bilhão, no secretariado do governador Silval Barbosa.
Sandrin tem repetido com exaustão que não tem nada a declarar, mas reportou ao Partido Progressista (PP), que fez a indicação do seu nome para o staff do governador Silval Barbosa que a demora nas definições, mesmo depois de conversas, acabaram agastando sua posição e deixando dúvidas quanto a quem seria o responsável pela indicação.
No meio político a demora acabou sendo interpretada como uma dúvida se o nome seria o ideal ou não para a função, mesmo o governador tendo confirmado que já havia conversado com o médico e faltava pouco para se decidir.
O recuo de Marcelo Sandrin, que mesmo com dificuldades pode acabar aceitando um pedido especial do governador Silval Barbosa (PMDB) para assumir a pasta, evitaria complicações na situação da saúde de Mato Grosso que foi foco de decisões negativas por parte do Tribunal de Contas de Mato Grosso, e não deixaria opções para o chefe do Executivo discutir novos nomes que não o do médico sanitarista e petista Lúdio Cabral que no início das especulações chegou a negar interesse em assumir a função, coisa que neste momento sequer passaria pela cabeça do mesmo e do seu partido.
Silval Barbosa deixou a indicação da Saúde por último, para tentar amenizar o quadro que foi alvo de criticas por causa da política eleitoral e do final do mandato dos prefeitos municipais que reclamaram não estar com os repasse devidamente pagos, quando na realidade, do inicialmente previsto de R$ 105 milhões para todo o ano de 2012, foram repassados até 31 de dezembro, R$ 156 milhões, ou seja, R$ 51 milhões além do previsto no orçamento.
Convicto de que não tem mais tempo para promover testes e de que os resultados das OSS são significativamente bons, estando os problemas localizados na questão política que envolveria o nome do deputado federal, Pedro Henry, líder do PP em Mato Grosso e ex-secretário de Saúde, o governador do Estado protelou a indicação de um novo titular para a Saúde por se localizar ali seu maior problema político e que acabou nas eleições municipais desgastando sua administração.
A chegada de Lúdio Cabral representaria por outro lado a aproximação ainda maior com o Partido dos Trabalhadores, com a presidente Dilma Rousseff e com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que além de ser um dos mais importantes na relação com Mato Grosso é amigo pessoal de Lúdio Cabral desde a época da Universidade. Aliás, Padilha foi um dos ministros de Estado mais presentes na campanha eleitoral em Cuiabá, reforçando a então candidatura petista que não conseguiu seu intento por completo, mas devolver ao partido a condição de grande sigla já que levou a disputa para o 2º turno e fez de Lúdio Cabral o maior líder do partido em Mato Grosso e detentor de quase 150 mil votos somente na capital.
Resta saber como ficará a composição final do staff governamental com todos os partidos aliados, já que o PT hoje com dois deputados estaduais e divididos pela posição de independência de Ademir Brunetto, que se tornou critico da administração Silval Barbosa, tem uma relação difícil com o Executivo Estadual. A situação só não é pior, por causa da própria presidente Dilma Rousseff que faz questão de acenar e demonstrar apreço pelo governador Silval Barbosa e pelo PMDB de uma maneira em geral.