Depois de quase três anos de idas e vindas, a Justiça Federal começa, no próximo dia 22, a apreciar em definitivo a Ação Popular que tenta apontar se houve ou não irregularidades na aquisição de 705 máquinas pesadas e caminhões a um custo de R$ 241 milhões em recursos emprestados junto ao Banco do Brasil e que captou os valores no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deu margem para a apreciação ser feita em sede da Justiça Federal e também da Justiça Estadual.
Segundo dados da Auditoria Geral do Estado, existiria um superfaturamento da ordem de R$ 44,4 milhões no preço global dos equipamentos adquiridos em relação aos preços praticados no mercado, mas os empresários fornecedores negam, alegando que os valores a maior eram em decorrência de exigências como dois anos de garantia, atendimento em todo Mato Grosso e ampliação considerável da produção nacional para atender ao pedido exclusivo do governo do Estado que comprou a venda de um ano inteiro das fábricas nacionais.
Atualmente existem duas ações distintas, esta na Justiça Federal comandada pelo juiz Julier Sebastião da Silva que começa a ser apreciada e uma denuncia formulada pelo Ministério Público Estadual à Justiça de Mato Grosso. Em ambos os processos já existem uma série de medidas interlocutórias, portanto, não definitivas, como bloqueio de contas de possíveis envolvidos, arrolamento de empresários como réus, que são contraditórias já que para a Justiça Federal, o empresário Pérsio Briante é réu e para o Ministério Público Estadual, ele ajudou nas investigações e, portanto, ficou de fora do rol dos acusados.
A audiência na Justiça Federal foi marcada para o próximo dia 22 de janeiro às 9 horas quando se dará a instalação dos trabalhos periciais determinados pelo juiz Julier Sebastião da Silva que determinou ainda se expedir mandato de perícia, termo de compromisso e alvará de levantamento, bem como se proceda a transferência de valores bloqueados em decisão anterior para se custear o trabalho dos peritos e os custos das decisões. O bloqueio atingiu as contas do senador Blairo Maggi (PR), dos ex-secretários, Vilceu Marchetti e Geraldo De Vitto e das empresas fornecedoras dos equipamentos, numa média de R$ 6 mil.
Também aparecem como réus na Ação Popular, o Banco do Brasil e o BNDES, operadores dos recursos emprestados para as aquisições. O advogado Félix Maques, que apresentou a Ação Popular em nome do empresário Antônio Sebastião Gaeta, juntamente com a advogada Glaucia Kohlhase Marques, disse que já não era sem tempo que a ação começasse a ser apreciada para se evitar a depreciação dos equipamentos e lembrou que “fazem dois anos que os maquinários foram repassados aos municípios e muitos deles sequer ainda existem para se fazer uma perícia”, pontuou garantindo que por outro lado começa a fase de julgamento para que haja uma solução quanto a veracidade ou não dos fatos.