A Polícia Federal está próxima de revelar os autores do vídeo apócrifo que acusa a juíza eleitoral Ana Cristina Silva Mendes de ter ligações estreitas com o ex-candidato a governo, José Riva (PSD). A corregedora do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargadora Maria Helena Póvoas, afirmou que este caso deve ser aberto ao público até antes das eleições e que envolve uma coligação do Estado. “Já está identificada a autoria do vídeo, mas como o processo não foi endereçado oficialmente a mim, reitero que, nestes próximos dias, a pessoa que está cuidando do assunto pode levá-lo a público”.
Após a circulação do vídeo pelas redes sociais e aplicativos de celular, a coordenação jurídica da coligação Coragem e Atitude para Mudar, que tem Pedro Taques (PDT) como candidato, entrou com um pedido de suspeição contra a juíza Ana Cristina, por entender que a magistrada agiu com parcialidade nos processos.
A juíza Maria Helena disse que este caso tramita nas mãos do relator Lídio Modesto e que, provavelmente, o assunto deve entrar em pauta no TRE nesta quinta-feira (02). Questionada se o fato abalou o pleno, a magistrada negou. “Absolutamente. O juiz não é um ser alienígena. Ele vive dentro da sociedade. Ele é convidado para festas, para a vida social e ele tem vida social como todo mundo. Em outros tempos, isso também foi exploradíssimo aqui, fotografias de pessoas da política envolvidas com pessoas que também estão presas hoje".
Ela ainda frisou em defender a companheira de pleno, pois testemunhou situações em que ambas foram convidadas a participar de palestras socioeducativas ao lado da candidata a governo, Janete Riva (PSD), e que isso não abalou em nada a conduta profissional de cada uma.
“Eu sou testemunha disso, por diversas vezes estive em palestras sobre mulheres vítimas de violência doméstica, a convite dela. Por várias vezes fui a palestras e seminários, inclusive na Assembleia Legislativa, e até do lado da Janete Riva. O que isso mudou a minha conduta com relação a isso? Absolutamente nada”.
Penalidade – a juíza ainda comentou sobre o possível resultado do processo que investiga a autoria do vídeo. Ela salientou que ainda não tem informações de quantas e nem quem são as pessoas responsáveis pelo material, mas avalia que o caso terá outro desdobramento.
“Não sei dizer quantas pessoas e quem são estas pessoas. Isso ainda não chegou nas minhas mãos. Mas eu acredito que isso pode ter outro tipo de desdobramento na esfera cível, porque na esfera eleitoral, embora tenha sido um fato que abalou muito a juíza pessoalmente, não a abalou do ponto de vista de julgadora”.
A magistrada explicou que, caso seja provada a participação de um candidato, ele não corre risco de indeferimento do registro. “O que pode dar neste caso é difamação, calúnia, o que não geraria em tese perda de mandato, indeferimento, nem nada disso. Esta discussão pode ser deslocada lá para o Tribunal de Justiça na esfera cível, na justiça comum. Porque na Justiça Eleitoral, o que se pretendia é arranhar a figura da juíza e retirá-la do processo”.