A reunião entre o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller (PMDB), e os progressistas Eraí Maggi e Carlos Fávaro pode resultar na apresentação de um processo disciplinar contra o peemedebista junto ao diretório estadual da legenda. Uma convenção extraordinária já foi agendada pela direção do partido em Mato Grosso para a próxima quarta-feira (13) com esta finalidade.
É o que afirma o presidente do PMDB de Cuiabá, Clóvis Cardoso, segundo quem a militância peemedebista teria encarado o encontro de Geller com os progressistas – que compõem a coligação adversária ‘Coragem e Atitude pra Mudar’- como um ato de traição. “Está muito escrachado que ele não está atendendo à candidatura defendida pelo PMDB. Quando um partido faz uma convenção e você é filiado a este partido, se não atende ao que foi determinado, está sujeito a este tipo de coisas”.
Cardoso ainda afirma que o presidente estadual da legenda, o deputado federal Carlos Bezerra até tentou contato com Geller nos últimos dias, mas não foi atendido. Conforme ele, a relação entre o ministro e a direção estadual da sigla já não vem bem desde o ano passado, quando Geller assumiu o cargo em Brasília.
A reunião que trouxe à tona o problema ocorreu no final da semana passada. Geller confirma ter se encontrado com Eraí e Fávaro, mas nega que o intuito era o de demonstrar qualquer tipo de apoio à candidatura ao governo do senador Pedro Taques (PDT), de quem Fávaro é candidato a vice. “Estou trabalhando na estruturação da campanha da presidente Dilma [Rousseff]. Falei com o PP para garantir o apoio do agronegócio. Somos adversários na disputa estadual, mas aliados no cenário nacional dessa eleição”.
O ministro ainda justificou sua postura “tímida” em relação à candidatura ao governo da coligação ‘Amor à Nossa Gente’, da qual o PMDB faz parte, afirmando que tem evitado falar sobre política em eventos institucionais. “Minha postura é muito clara. Eu faço parte do conselho político da campanha do Lúdio [Cabral]. O que eu quero evitar são problemas com a Justiça Eleitoral. A legislação este ano está muito severa neste aspecto”.
A tendência, todavia, é que o ministro passe a aparecer mais ao lado do candidato petista ao comando do Paiaguás. Para isso, a cúpula do PT no Estado já planeja uma reunião na qual será discutido um cronograma de atos nos quais Geller deve estar presente. “Vai ser um encontro para programar atividades e também para ajudar a esclarecer essa situação”, adianta o presidente estadual da sigla , William Sampaio.
Sobre a convenção extraordinária, Neri Geller afirmou ainda não ter sido notificado. Já sobre o suposto mal-estar com a direção do PMDB, garantiu que tem mantido contato com outros membros do diretório estadual.