Afastado há um mês da Prefeitura de Chapada dos Guimarães, o prefeito José Neves (PSDB), tenta reverter a situação na Justiça e afirma ser vítima de perseguição obsessiva desde que assumiu o mandato, em janeiro do ano passado. De acordo com ele, apesar das duras investidas contra seu posicionamento político, a palavra “renúncia” jamais foi cogitada. “Nunca pensei em deixar o cargo, muito contrário, acho até que seria covardia fazer isso nesse momento”, destacou.
Neves conta que foi surpreendido no dia 13 de maio com a notificação da ação movida pela promotora de Justiça Nayara Roman Scolfaro, que determinou seu afastamento do cargo pelo período de 90 dias. Segundo o prefeito, até então, ele jamais foi ouvido acerca das alegações de improbidade administrativa relacionadas a supostas irregularidades no processo licitatório para contratação de frota para o transporte escolar.
Além do afastamento do cargo, ele teve todos seus bens bloqueados. Agora, com toda a documentação entregue e depoimentos já prestados, Neves afirma que, assim como não havia motivo para deixar o cargo naquele momento, não existe qualquer razão para que ele não retorne.
Neves ainda lembra que o processo licitatório foi acompanhado, desde a elaboração do edital, até a abertura dos envelopes, por todos os interessados, incluindo dois vereadores de oposição à sua gestão.
Conforme o prefeito, ao assumir a gestão havia uma série de ações relacionadas à qualidade do transporte escolar, inclusive recomendações do próprio Ministério Público Estadual (MPE) a fim de melhorar a prestação do serviço. Para tanto, ele afirma que era necessária a licitação para a contratação do serviço. Ocasião em que incluiu sob a responsabilidade da prestadora de serviços, a manutenção da frota, o que onerou em cerca de R$ 20 mil mensais o contrato. No entanto, Neves afirma que a economia estimada para os cofres do município com a medida foi de cerca de R$ 150 mil ao ano.
Este é o primeiro cargo eletivo do tucano, que atua há cerca de 30 anos como médico em Chapada dos Guimarães e professor na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). No pleito de 2012, ele foi o segundo colocado, com 43 votos a menos que Gilberto Mello (PR). Contudo, o republicano não pode assumir o cargo, uma vez que concorreu sub-judice, enquadrado na Lei da Ficha Limpa, e não conseguiu reverter sua situação.
Ao assumir a prefeitura, no início do ano passado, Neves foi aconselhado a andar com segurança pessoal. De acordo com ele, nos primeiros meses chegou a contratar três seguranças, mas depois desistiu da medida.
Neves afirma, contudo, que já sofreu diversas ameaças durante seu mandato, inclusive de morte, e chegou a ser perseguidor e ter o fornecimento de água e luz de sua residência desligados.
“Eu me sinto num ringue, tentando me defender de golpes que vêm de todos os lados tentando me nocautear, mas não vou desistir, quanto mais me batem, mais forte eu fico”, disse.
Após seu afastamento, a câmara instaurou um processo para a cassação de seu mandato sob a alegação de que ele estaria utilizando em favor pessoal os serviços de um advogado contratado pelo município. Votado no início do mês, o processo foi arquivado, mantendo Neves no cargo.