As investigações da operação Ararath revelam que o ex-secretário de Estado de Fazenda, Eder Moraes (PMDB), mandou vários recados para o governador Silval Barbosa (PMDB) cobrando providências sobre a cooptação de lideranças que estaria sendo praticada pelo ex-secretário de Administração, o peemedebista Francisco Faiad. Até ser preso no dia 20 passado pela Polícia Federal, Eder mantinha o projeto de disputar vaga de deputado estadual, assim como Faiad, que continua em pré-campanha.
Em uma das interceptações telefônicas, feitas com autorização da Justiça, Moraes ligou para o chefe de Gabinete do governador, Silvio Cézar Corrêa Araújo, e diz que respeita o espaço do Faiad, mas não vai permitir as investidas dele junto aos seus apoiadores. Eder afirma que tem conhecimento que o pessoal do Faiad continua trabalhando no governo. O ex-titular da Administração se desincompatilizou do cargo com a pretensão de entrar na disputa eleitoral deste ano.
Eder diz que Faiad tentou arregimentar pessoas da sua campanha para trabalhar com ele. Eder cita ao menos três nomes de lideranças comunitárias conhecidas na Baixada Cuiabana. Silvio se limitou a ouvir os desabafos de Eder. “Então se tiver qualquer coisa de bastidor aí, eu não vou medir consequência, vai arrebentar (sic) qualquer um que vir atrapalhar coisa que já é minha”, dispara Moraes.
Durante os 2 minutos e 47segundos, Silvio apenas responde: “hum, hum”. “Eu apenas estou com o meu grupo e não aceito eles virem furar meu olho. E vai ter briga feia mesmo, eu sempre disse isso. Já disse isso ao governador também, enfim. Então só para ficar o alerta aí, né?”, avisa Eder.
Moraes pede para avisar ao governador sobre o que está acontecendo com relação ao ex-secretário de Administração, a quem ele manda se recolher no canto dele. Ainda nesta mesma interceptação, Eder relembra que foi aliado de Faiad na campanha de 2012. Faiad foi o candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo ex-vereador Lúdio Cabral (PT), hoje pré-candidato ao governo Estado. Além do áudio das ligações, a PF também teve acesso a mensagens de voz e imagens, durante 15 dias. O telefone de Eder foi interceptado no mesmo período em que houve o mandado de busca e apreensão à sua residência. As interceptações foram autorizadas pelo juiz federal Jeferson Schneider.
Faiad e Lúdio foram procurados pela reportagem, mas não retornaram às ligações.