Em reunião realizada, ontem à noite, o diretório regional do PSB editou nota de repúdio às declarações do presidente do diretório regional do DEM, deputado federal Júlio Campos, em relação ao presidente do PSB em Mato Grosso, o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, escolhido para ser interlocutor do movimento Mato Grosso Muito Mais, que tem como pré-candidato ao governo, o senador Pedro Taques (PDT), junto ao PR. Em um momento em que os ânimos pareciam acalentados dentro do grupo oposicionista, a reação do diretório socialista, que teceu duras críticas ao parlamentar, pode provocar a divisão da pretensa coligação e prejudicar diretamente o pedetista.
“Esta prática de fazer política à luz do dia é muito diferente dos conchavos clandestinos do passado, feitos na calada da noite e marcados por acertos financeiros e acordos pessoais espúrios do deputado Júlio Campos”, destaca trecho da nota. O documento ainda ressalta que o democrata entrou para o folclore político brasileiro associado ao ‘bereré’ e possui uma trajetória política que representa o autoritarismo retrógrado.
Na semana passada, Campos criticou a possibilidade dos republicanos aderirem à chapa oposicionista encabeçada por Taques e não poupou o prefeito. Mendes, que não participou da reunião interna de seu partido, sempre destacou que iniciou as conversas com o PR mediante aval de todos as lideranças que compunham o grupo de discussões.
Paralelamente ao impasse, o DEM ensaiou uma aproximação com PSD e PTB no intuito de criar uma nova candidatura majoritária. Diante da situação, o clima com a possível participação dos republicanos na chapa pesou e o resultado demonstrado nesta semana foi um claro afastamento.
Segundo o presidente do diretório regional do PDT, deputado Zeca Viana, Campos foi infeliz em suas declarações, mas a situação parecia estar resolvida desde a reunião realizada na última segunda-feira (12) quando o democrata teria se desculpado junto ao prefeito.
Para o presidente do diretório estadual do PSDB, deputado federal Nilson Leitão, a nota editada pelo PSB não contribui em nada com o momento de discussão política. No entanto, ele avalia que a situação não causará prejuízo à formação da chapa encabeçada por Taques. “Tenho certeza que tanto Júlio Campos, quanto Mauro Mendes são imprescindíveis para esse projeto”.
Campos, por sua vez, prefere não comentar as críticas. O parlamentar reunirá a executiva estadual do DEM e sua assessoria jurídica para decidir qual o posicionamento a ser adotado por ele e seu partido. Contudo, adianta que, para ele, as declarações do PSB não interferem na discussão acerca da composição da aliança majoritária.
Já para o PSB, após defender arduamente a adesão do PR ao grupo, inclusive com a pré-candidatura do deputado federal Wellington Fagundes ao Senado, em detrimento do projeto de reeleição do senador Jayme Campos (DEM), seria, no mínimo, delicado, defender os democratas na majoritária após as declarações.