O plano do PMDB que assegurou a filiação do ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva aos quadros da agremiação, no Estado, com as bênçãos dos líderes nacionais, conta com uma desafio maior para os próximos 60 dias. Estratégia discutida entre o presidente nacional Valdir Raupp e dirigentes de Mato Grosso, como Carlos Bezerra, prevê a deflagração de ação macro no período, com meta de elevar os pontos do magistrado junto às pesquisas de opinião, o colocando em patamar de equilíbrio com outros nomes do grupo governista aventados para a corrida ao governo, como o presidente estadual do PSD, Chico Daltro e o ex-vereador, Lúdio Cabral (PT), na luta pela viabilização de seu nome dentro da sigla.
Julier concedeu entrevista coletiva à imprensa na manhã de ontem, ao lado de Bezerra; do presidente da Assembleia Legislativa, Romoaldo Júnior, da ex-prefeita Sarita Baracat e de outros líderes do partido. Filiado ao PMDB desde o dia dois deste mês e devendo ser apresentado ao Fórum de Partidos em discussão com 12 legendas, no próximo dia 10, o magistrado deu uma verdadeira demonstração de “eloquência política”. O discurso passou por seu histórico de militância política (ex-PT), atuação social, com ênfase para os trabalhos na magistratura após 19 anos de trabalhos com destaque na atuação contra o crime organizado (Operação Arca de Noé/2002). Esse mesmo campo impulsionou o principal adversário da oposição, senador Pedro Taques (PDT), à atividade política, respondendo à época como procurador da República em Mato Grosso.
Julier garante ter deixado a promissora carreira para “se dedicar às causas da população”, lançando desde já a bandeira da saúde e educação. Fazendo parte do partido do governador Silval Barbosa, fez questão de enaltecer obras da gestão, comprando desde já a defesa sobre o aspecto das críticas quando o assunto é o atraso. Disse que esse cenário pode ser compara- do às obras de uma casa, em que é preciso conviver com poeira para depois ver o resultado.
Crivado de questionamentos pela imprensa, Julier respondeu evasivo, preferindo “não comentar hipóteses”. Tais hipóteses se referiam, por exemplo, ao quadro de disputa que pode projetá-lo para outra função em chapa majoritária como para o Senado, caso não obtenha consenso entre os partidos para a corrida ao comando do Estado.
Admitiu sua intenção de disputar o governo, ressalvando a necessidade de o tema ser discutido primeiro no PMDB, e depois entre as legendas governistas. O plano da nacional do partido, que conta com alinhamento ao PT da presidente Dilma Rousseff, prevê a possibilidade de ele ocupar uma das principais vagas na majoritária. Ciente de que o Julier ainda não possui amplitude eleitoral, Carlos Bezerra é cauteloso, sempre apontando o processo de debate no bloco como item principal, “para só depois escolher o candidato do grupo ao governo”.