A Comissão Especial que discute a implantação do sistema único de previdência em Mato Grosso realizou, hoje, a segunda reunião de trabalho. Durante mais de três horas, os deputados receberam informações e esclarecimentos do secretário de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência Social, Leonardo José Rolim Guimarães.
Especialista em políticas públicas e gestão governamental, com teses publicadas sobre previdência e trabalho, o secretário esclareceu os deputados sobre as exigências legais e os procedimentos para reverter o déficit crescente, além de informar sobre mecanismos que já vem sendo utilizados com sucesso em outros estados.
O presidente da comissão, deputado estadual José Riva (PSD), disse que a reunião foi muito produtiva no sentido de estruturar adequadamente o projeto de lei complementar que vai unificar os regimes de previdência e permitir a implantação do Fundo Previdenciário de Mato Grosso (MT Prev).
“Estamos falando aqui da criação de um fundo de previdência que vai dar tranquilidade aos aposentados e pensionistas e ao próprio Estado, pois será auto-suficiente. É possível assegurar a médio prazo um aporte de R$ 13,8 bilhões, garantindo que o Estado terá uma previdência equilibrada nos próximos 75 anos. Estamos assegurando os direitos das gerações atuais e futuras e por isso é importante aprofundar esta discussão com todos os Poderes e servidores”, disse Riva.
Segundo o secretário do ministério, Mato Grosso pode avançar muito em termos de gestão, garantindo que a previdência estadual se sustente com recursos próprios. “O projeto de unificação evitará que os impostos pagos pelo cidadão continuem sendo usados para complementar a aposentadoria dos servidores. Esse é um ganho social expressivo assegurado pela unificação”, destacou Leonardo Guimarães.
Os mecanismos para atingir estes objetivos são os aportes de bens e direitos do Estado para a previdência, a partir da monetização deles através de fundos de mercado que serão estruturados através de bancos públicos.
Através de um fundo imobiliário, por exemplo, o Estado pode se desfazer de uma área urbana ou rural inservível e gerar recursos para a previdência. Este imóvel seria incorporado ao fundo, que pode construir casas ou imóveis comerciais e obter um lucro muito maior do que seria obtido com a simples venda do terreno, além de gerar emprego, renda e arrecadação.
“Temos muito patrimônio público imobilizado que poderia gerar bons resultados se já tivéssemos um fundo estruturado”, disse o deputado Riva. Outra fonte importante são os recursos da dívida ativa. “Boa parte dos débitos inscritos podem ser recuperados e o próprio fundo vai estimular o aperfeiçoamento da cobrança”, disse o parlamentar, citando também as antecipações destes créditos que podem ser feitas através de um agente financeiro publico.
Este modelo deve incluir também recursos gerados pelas concessões de rodovias, de usinas hidrelétricas, projetos de manejo florestal, os créditos de carbono e outras possibilidades que estão sendo estudadas.
Para o relator da comissão, deputado Alexandre César (PT), a reunião com o ministério da Previdência foi esclarecedora. “As orientações do ministério da Previdência são fundamentais para encontrarmos uma solução que garanta segurança para os servidores e suas famílias, objetivo maior destas discussões”, disse o deputado.