Reportagem publicada na Revista Veja, desta semana, aponta o senador Blairo Maggi, que entrou hoje no PMDB, como integrante de uma base parlamentar que defende que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), passe a operar abertamente pela queda da presidente Dilma Rousseff (PT). À publicação, o senador teria dito que “estamos buscando uma alternativa, porque do jeito que está não dá mais para continuar”. Na reportagem, intitulada “O Plano Temer”, os jornalistas colheram relatos que dão conta de que o atual vice-presidente tem se reunido com empresários, políticos e juristas para costurar uma saída para a atual crise política e econômica pela qual passa o país.
Para Blairo, que foi um dos fiadores da gestão da petista em relação ao agronegócio e hoje defende a saída da presidente, a queda de Dilma não acontecerá antes de um grande acordo, nos moldes do que vem sendo trabalhado, conforme a revista, por Temer em Brasília. Tido como um dos maiores conhecedores do Direito Constitucional, o vice-presidente já teria até mesmo um parecer para desvincular a análise de suas contas das da petista por parte do Tribunal Superior Eleitoral. “Se houver uma mudança, não acontecerá só no voto, isso vai ser amarrado antes. Quem vai dar apoio a ele? Como ficam os partidos? Como é a reação do PT? Se houver isso, tudo será amarrado antes”.
O senador entende que, embora neste momento não haja nenhum fato crível para consolidar a abertura do processo de impeachment da presidente, isso pode ocorrer no início do ano que vem. Ele salientou que a saída da petista não pode ser motivada pelas chamadas pedaladas fiscais, que motivaram a recomendação, por parte do Tribunal de Contas da União (TCU), da reprovação das contas da presidente. “As pedaladas, que são trágicas, não servem, porque você não vê nenhum governador impedido por causa de pedaladas. Agora, se o Congresso não permitir o déficit fiscal para o ano que vem e ela ficar nesta situação, aí sim ela se enquadraria na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e aí caberia [o processo]”.
Um esboço do que seria um governo sob o comando do PMDB pode ser visto no documento “Uma ponte para o futuro”, publicado pela Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao partido. Nele, economistas e políticos que participaram da elaboração do documento condenam práticas de gestão adotadas por Dilma, como o aumento dos gastos públicos, além de defenderem temas como a flexibilização das leis trabalhistas e a privatização de ativos do governo, como a participação da União em estatais.