O Partido Social Democrata (PSD) em Mato Grosso começou o ano de 2015 liderando 41 cidades do estado. Agora, restando pouco mais de um ano para as eleições de 2016, seis prefeitos saíram da legenda e buscaram outras siglas, o que representa menos de 15% de mudança para o partido, que nesta semana teve a confirmação de filiação do vicegovernador de Mato Grosso, Carlos Fávaro. Ele entra no partido com a missão de assumir, de imediato, a presidência da sigla e não deixar a mesma perder representatividade política, após ter conseguido eleger quatro deputados estaduais em 2014. Atual presidente do partido em Mato Grosso, Neurilan Fraga, acredita que com a chegada do vice-governador, o PSD tem mais possibilidades de participar das eleições municipais e se fortalecer. Isso porque, existe uma possibilidade, de agora, o partido ter a filiação de cerca de 20 prefeitos, o que daria à legenda o título de partido com maior número de prefeitos no estado. ‘A sigla em Mato Grosso possui um considerável número de prefeitos, vices e vereadores. Com a vinda do vice, o partido ganha mais segurança e representatividade’, explica Neurilan, que também é presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).
Também com a chegada Fávaro, existe a expectativa de que os deputados, eleitos no ano passado, José Domingos Fraga e Pedro Satélite permaneçam na sigla. Outra possibilidade é a vinda de Dilmar Dal’Bosco hoje no DEM, caso se consolide a possível janela para troca de partido daqueles eleitos para cargos proporcionais. BALANÇO – Com a aproximação do fim do prazo de filiação para quem vai concorrer em 2016, cresce o número de parlamentares, prefeitos e lideranças locais que buscam abrigo em outras legendas, como é o caso do Solidariedade (SD), que também vem apostando em lideranças mais jovens. Atualmente a sigla é uma das mais novas que existe no Brasil, com isso, o presidente da legenda em Mato Grosso e deputado estadual, José Carlos do Pátio, acredita que o partido pode vir a ter uma grande representatividade de polítcos mais novos que buscam seu espaço. ‘Neste momento o país vive uma mudança de representatividade no quadro político tanto nacional como nos estados, a mudança de partido vem para fortalecer as legendas mais novas’.
Nesta mesma linha de raciocínio, mas esperando a assinatura da janela que autoriza deputados e vereadores mudarem de legenda, para então começar o trabalho de convidar novos políticos, o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) tem nos 141 municípios somente 14 prefeitos e 11 vice-prefeitos. A ideia do partido, segundo o deputado federal Valtenir Pereira, é fortalecer a sigla convidando vereadores, que atualmente somam no estado um total de 160 ligados à legenda. Já a expressividade do Partido Progressista (PP) na liderança de municípios representa menos de 2%. Apenas Salto do Céu (300 KM de Cuiabá) é comandado pelo prefeito Wemerson Prata. O PP tem aproximadamente 80 vereadores. Conforme assessoria do deputado Ezequiel Fonseca informou a procura pela sigla tem sido grande nos últimos dias e o partido tende a crescer. Diferente desses pensamentos, o Partido dos Trabalhadores (PT) não trabalha com a captação de novos políticos, ou seja, não há convites por parte dos petistas.
Presidente da sigla no estado, Willian Sampaio, conta que desde a fundação do PT, a ideia não é (e nunca será) trazer pessoas atuantes em outras legendas. ‘Somos um partido ideológico. Defendemos a fidelidade partidária’. Para o analista político Alfredo da Mota Menezes esta troca de partidos políticos tende a ser positiva para siglas que até então eram de grande influência, mas que acabaram enfraquecidas. Ele cita, por exemplo, a ida do governador de Mato Grosso, Pedro Taques, ao PSDB e faz um comparativo com a história política no estado, quando em 2002 a legenda era a maior de Mato Grosso, mas a derrota nas eleições naquele mesmo ano enfraqueceu a liderança. ‘o partido passou a caber numa Kombi’. Mais de dez anos depois, a chegada de um político influente como Pedro Taques, segundo o analista, pode mudar esta realidade, ainda mais com a ida do vice, Fávaro, ao PSD que passa agora a ser um partido de sustentação para o governo. ‘Com isso, o PSDB pode ser se não o maior, um dos maiores do estado’. Quem também anunciou a filiação de 10 prefeitos foi o PSB, que embora não tenha recebido nenhuma grande liderança, como PSDB e PSD, está conseguindo atrair chefes de Executivos municipais.
Insatisfação – Presidente da União das Câmaras Municipais de Mato Grosso, a UCMMAT, Edileuza Ribeiro (PTC), explica que o descontentamento por parte do atual partido é o fator que vem contribuindo para que cerca de 36% dos 1.390 vereadores do estado tenham a pretensão de migrar para outra sigla. ‘Muitos vereadores têm demonstrado insatisfação e pensam em mudar de partido e me procuram para falar sobre a falta de apoio. Em números, dá para dizer que entre 300 a 500 vereadores’, conta. Na capital, 12 dos 25 parlamentares já demonstraram interesse em migrar para um novo partido. Entre eles, o vereador Toninho de Souza, do PSD, que pretende se filiar ao PSDB. Situação parecida enfrenta a cidade vizinha Várzea Grande. De acordo com o presidente da Câmara de Vereadores, Jânio Calistro (PMDB), dos 21 vereadores, 11 já demonstraram insatisfação, ou seja, mais de 50% dos parlamentares. Entre os motivos que levam a esta escolha, Calistro destacou a falta de cuidado, principalmente, dos grandes partidos, em relação aos políticos com menos influência e também com relação ao quociente eleitoral, ou seja, muitos vereadores têm medo de não conseguir atingir o número suficiente de votos para se eleger nas próximas eleições.
O presidente também contou que tem a pretensão de mudar de legenda e que já teria recebido o convite de três partidos, entre eles o Democratas (DEM), mas que estava estudando as possibilidades. ‘São os pequenos que ajudam os grandes, e os grandes partidos parecem que não entendem isso. O que eu tinha que fazer aqui já foi feito’, desabafou. Já na Casa de Leis de Rondonópolis (212 KM distância de Cuiabá) o presidente, Lourisvaldo Manoel de Oliveira, o Fulô (PMDB) esclareceu que não há manifestação de insatisfação dos 21 vereadores.