As doações de campanha aos ex-governadores Blairo Maggi (PR) e Silval Barbosa (PMDB) por parte de empresas que receberam incentivos fiscais do governo do Estado devem se tornar alvo de investigação por parte da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal. O requerimento será apresentado nos próximos dias pelo presidente da CPI, o deputado estadual José Carlos do Pátio (SD).
A dúvida sobre o recebimento destas doações foi levantada pelo deputado estadual Wilson Santos (PSDB) durante a oitiva do ex-secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Alexandre Furlan, realizada nesta quarta-feira (26). Apresentado a uma lista (que se manteve sob sigilo) com os nomes de 11 empresas, o ex-gestor ponderou não poder afirmar, mas acreditar que mais de uma delas tenha, sim, doado à campanha ao Senado de Maggi, tendo em vista que, segundo ele, se tratava de empresas de grande porte, algumas multinacionais.
De acordo com Pátio, o assunto não havia sido discutido previamente entre os membros da CPI antes da oitiva e não estava no bojo das investigações. Diante do questionamento feito por Wilson, no entanto, o deputado antecipa que vai solicitar informações acerca das prestações de contas das campanhas dos ex-governadores e possivelmente ex-secretários que tenham se candidatado a cargos eletivos.
“Já está constatado pela CPI que não existia critério algum para a concessão de incentivos fiscais, então, temos que investigar se esses incentivos não foram provocados por outros interesses. Vamos fazer um levantamento, sim, de quem doou”, afirma Pátio.
Membro da CPI, o deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR), por sua vez, defende que este não é o foco da investigação e que os deputados não devem perder tempo com a análise de doações de campanha passadas e cujas contas já foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Durante a reunião, destacou ainda que as empresas foram doadoras das campanhas, não só de Maggi, mas do atual governador, Pedro Taques (sem partido). “Nós estamos aqui para investigar e propor um novo modelo de incentivo às empresas, não para investigar campanhas pré-históricas. Eu, sinceramente, não entendi qual a intenção do líder do governo com aquela pergunta, qual o sentido daquilo”, diz o republicano.
Procurada, a assessoria do senador Blairo Maggi não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição.