O pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) deve ser entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), no final deste mês, durante uma marcha contra a corrupção, em Brasília. A previsão foi feita, ao Só Notícias, o deputado Federal, Nilson Leitão, vice líder do PSDB. “Será uma decisão monocrática. Ele (Cunha) pode decidir sozinho se acata ou não. Se acatar, o processo começa a correr nas comissões, para verificar questões jurídicas, o objeto e se vai alcançar todos os critérios. Se ele não acatar, cabe recurso, que deve ser julgado em 30 dias. De qualquer forma, o processo vai correr neste período”.
Segundo Leitão, constarão no documento mais de 30 itens que justificariam o impeachment de Rousseff. “Uso de dinheiro de público da Petrobrás nas eleições de 2010 e 2014. Mentiras contadas durante o período eleitoral. Um presidente não pode mentir para o seu povo, como aconteceu, uma vez que isso configura estelionato eleitoral. Além da falta de credibilidade com a sociedade e de condições de continuar gerindo o Brasil”, ressaltou.
O parlamentar ainda criticou a crise pela qual o país está passando. “A inflação e o desemprego estão altos, e o salário do trabalhador é o mais corroído dos últimos dez anos. Ou seja, temos o assalariado perdendo seu dinheiro e o poder de investimento caindo. Se um país tem isso, significa que o presidente não pode mais ser o gestor”, avaliou Leitão, afirmando ainda que o impeachment “é sim um instrumento político”.
Nesta semana, um jurista contratado pelo PSDB deve entregar o parecer jurídico sobre o impeachment. O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), enviou ao jurista informações levantadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras e conteúdo de depoimentos do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.
O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, ainda deve se reunir com os partidos de oposição ao governo federal para definir se ingressarão com o pedido. A sigla ainda avalia a questão devido à manifestação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que apontou que Dilma não poderia ser processada por crime cometido antes do atual mandato.
Além disso, o impeachment enfrenta resistências no próprio PSDB, visto que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra (SP) já se manifestaram contrários ao pedido de afastamento da petista neste momento. A bancada tucana na Câmara dos Deputados, no entanto, insiste na tese do impeachment e ameaça ingressar isoladamente com o pedido se não tiver apoio da sigla.
A marcha contra a corrupção será realizada no dia 27 deste mês.