Começou, há pouco, no fórum de Cuiabá, a audiência de instrução da ação penal referente a operação Imperador, que investigou esquema de fraudes em licitação na Assembleia Legislativa. O empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça, é o primeiro a dar depoimento. A defesa pediu e a juíza da Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado da capital, Selma Rosane Santos Arruda, decidiu dispensar José Riva, que está preso por esta acusação, de assistir os depoimentos.
Mendonça afirmou que foi apresentado ao ex-presidente da Assembleia Legislativa pelo então secretário-geral da Assembleia, Eduardo Henrique Miguéis Jacob, morto em 2012. Ele afirma que Riva adquiria empréstimos alegando atender necessidades do “sistema e da imprensa”. Entre os anos de 2006 e 2010, Mendonça teria creditado ao parlamentar o montante de quase R$ 10 milhões.
Para honrar o pagamento da dívida, Riva teria dado como garantia a sua própria residência, instalada em região nobre da capital, no bairro Santa Rosa. O primeiro empréstimo realizado foi de R$ 2 milhões. Mendonça alega que para conceder novos valores, aguardava o pagamento de parte do anterior, na tentativa de “segurar um pouco” para que a dívida não ficasse “altíssima”.
Nos dias de pagamento das dívidas, Riva usava o veículo da Assembleia para ir até Mendonça ou o próprio empresário ia à sala da presidência para receber. Após consecutivos empréstimos, o parlamentar teria atrasado os pagamentos o que levou o empresário a segurar outros valores. Entretanto, em junho de 2013, pouco antes da deflagração da operação Ararath, o parlamentar procurou o empresário, por meio de uma mensagem, solicitando uma nova remessa. Dessa vez, Riva teria afirmado que o dinheiro seria destinado para a realização de uma cirurgia, na tentativa de sensibilizar Mendonça.
O delator ainda destacou que com a restrição de novos empréstimos Riva passou a ser insistente na tentativa de contrair novas dívidas. “Ele quase me trancou em uma sala para me convencer”, afirma Mendonça.
Ele disse que, além de Riva, o atual conselheiro do TCE, Sérgio Ricardo, e o deputado estadual Mauro Savi (PR) também contraíram empréstimos junto à sua factorig, usada como um banco clandestino. O empréstimo em nome do Sérgio Ricardo seria no valor de R$ 2 milhões, enquanto a dívida de Savi era de R$ 90 mil. O débito do republicano, segundo ele, teria sido pago por Riva.
A segunda testemunha ouvida é Tatiana Laura da Silva Guedes, ex-esposa de Elias Abraão e sócia da Livropel, empresa vencedora de licitação na Assembleia. Ao ser questionada, afirmou que apenas assinava os papéis da empresa, não sabendo sequer a localização da Livropel.
Confrontada, ela reconheceu a sua assinatura em um documento, mas disse que não se lembrava do motivo de ter assinado. Ela negou ter ido à Assembleia Legislativa. Embora não saiba o endereço e nem o telefone, disse que quando queria falar com Elias ligava no celular dele. Tatiana ressaltou que não é possível afirmar que a empresa não existe.
A terceira testemunha é Aurea Maria de Alvarenga Gomes Nassarden, esposa de Jean Carlo Leite Nassarden, também sócia da Livropel. Ela afirma não conhecer o ex-deputado Riva e não saber onde fia a sede da empresa. Áurea reconhece não saber de nenhum funcionário da empresa além do marido e do cunhado, Elias, marido de Tatiana.
A sócia da Livropel admitiu que seu padrão de vida melhorou muito após o início dos negócios com a Assembleia Legislativa. Ela reconhece a própria assinatura em documentos relacionados ao processo de licitação, mas disse desconhecer o teor dos textos.
Na última pergunta, Áurea responde não saber por qual motivo era sócia da empresa se o marido e o cunhado administravam os negócios. Termina o depoimento.
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(Atualizada às 16h19)