O “raio-x” da Assembleia Legislativa poderá revelar irregularidades profundas, como promete o deputado estadual Wilson Santos (PSDB). Na quarta-feira, o tucano, um dos membros da Comissão de Revisão Administrativa, afirmou que “o Legislativo de Mato Grosso era a maior fábrica de notas frias do mundo”. Preferiu não expor o detalhamento da denúncia, antecipando que ao final da auditoria, irá apresentar o resultado dos estudos para a sociedade mato-grossense. “Reafirmo tudo o que eu disse sobre as remunerações da Assembleia, e ainda teremos outras informações graves a serem levadas a conhecimento da população”, assinalou se referindo ao suposto esquema que teria fraudado os cofres públicos.
Outro membro da comissão, o deputado de primeiro mandato Eduardo Botelho (PSB), manteve ontem uma postura de cautela sobre esse cenário. Disse que não tem informações ainda sobre funcionários fantasmas, e que também não poderia confirmar os supersalários sugeridos por Santos, que chegariam a montantes como o de R$ 71 mil.
“Temos que verificar todas as informações e ainda estamos estudando o mapa da Assembleia Legislativa. Não tenho conhecimento de servidores fantasmas e os salários tem que ver, porque tem a questão da URV (Unidade Real de Valor) e ainda outros pontos como adicionais e 13º salário”, explicou.
Na última sexta-feira, Santos comentou um quadro preliminar obtido por ele, de posse de dados do funcionamento do Poder, com “remunerações” de servidores que extrapolariam o teto constitucional.
Ontem, Wilson Santos foi taxativo ao se reportar ao tema. “Eu disse e reafirmo. Tenho em mãos cópia dos holerites com remunerações de R$ 71 mil, R$ 66 mil, R$ 53 mil e R$ 41 mil. Temos um estudo em andamento e no momento oportuno, ao final dos trabalhos, tudo será levado a público. Não temo retaliações daqueles que estão insatisfeitos com a exposição da verdade. Fui eleito para ajudar a transformar a Assembleia Legislativa em um Poder transparente e continuarei meu dever em nome da seriedade e ética da Instituição”, asseverou o tucano.
Ex-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Romoaldo Júnior (PMDB), rebate as declarações. Acentua que durante os 16 meses em que esteve a frente do Poder nunca constatou caso de servidores fantasmas, desconhecendo situações de supersalários. Pontuou ainda que o valores de subsídios elevados, como o de R$ 71 mil, podem estar relacionados a adicionais por direito dos funcionários, como o pagamento de URV (sendo uma determinação da Justiça).