Vice-campeã em 2002 e terceira colocada em 2004, a FURB/Bluvolei enfim conquistou seu primeiro título da Liga Nacional feminina neste domingo ao vencer o Sport/Maurício de Nassau por 3 sets a 1 (25/20, 24/26, 25/23 e 25/16), no ginásio Verdinho, em Cuiabá. Na disputa de terceiro lugar, o UMC/Flex Pé/Mogi das Cruzes venceu a UPIS por 3 sets a 0 (25/18, 25/20 e 25/17).
Com esses resultados, o estado de Santa Catarina tem dois títulos – o Buettner/Brusque venceu em 2003), contra dois do estado de São Paulo (Tênis/Oscar/Fadenp em 2002 e Mogi das Cruzes em 2004).
“Essa é uma resposta a todo o trabalho que está sendo feito desde 2002, do apoio de nossa cidade (Blumenau) e de nosso patrocinador”, disse a técnica Gracielle de Aquino, que assumiu a equipe dias antes da competição no lugar do técnico Carlos Henrique Oliveira.
Para Gracielle, a ausência do técnico – que ficou em Blumenau dirigindo a equipe infanto-juvenil nos Joguinhos Abertos de Santa Catarina –, fez com que o grupo tivesse de se unir mais. “O diferencial desta equipe em relação às que disputaram a Liga Nacional nos outros anos foi a união. Tivemos de nos fortalecer mais devido à ausência do Henrique”, disse.
Mas nem sempre foi assim. No início da Liga Nacional, a equipe estava desunida, como afirma a capitã Simone, e acabou perdendo os dois primeiros jogos. O time só se classificou para a semifinal devido a uma combinação de resultados. “Este título é especial porque na fase classificatória demos mole e não acreditaram que a gente pudesse se classificar entre os quatro. Nos primeiros jogos, a equipe estava desunida. Mas com superação, garra e união mudamos isso”, disse.
Do lado do Sport, o técnico José Alves lamentou a derrota e mal conseguiu comemorar o feito de seu time, que teve o melhor desempenho entre as equipes do Nordeste na história da competição. “Jogamos mal na final. Poderia ter sido melhor, pelo que a equipe vinha apresentando. Mas considerando que a expectativa inicial era ficar entre os quatro primeiros, a vaga na final foi muito boa”, disse.
O JOGO
No primeiro set do jogo deste domingo a FURB entrou mais concentrada e chegou a abrir nove pontos de vantagem (18/9). O Sport tentou reagir, porém já era tarde e num ataque da ponta Lousi as catarinenses fecharam em 25/20, em 25 minutos.
O segundo set foi o mais equilibrado do jogo. Desta vez, o Sport saiu na frente (5/3), mas a FURB logou tomou a dianteira e abriu quatro pontos de vantagem (13/9). No entanto, as pernambucanas fizeram quatro pontos seguidos e empataram. A disputa ponto a ponto durou até o final do set. Com 24/23 no placar, o Sport conseguiu seu primeiro set point, porém a ponta Juju atacou para fora. A jogadora de 17 anos se recuperou e acabou fazendo os dois últimos pontos do set, fechando em 26/24, em 28 minutos.
No set seguinte, o equilíbrio permaneceu. A FURB chegou a fazer 8/2, mas o Sport reagiu e passou à frente no placar, com 18/15. Aproveitando-se dos erros das pernambucanas, a FURB fez três pontos seguidos e empatou o set. Um ataque da ponta Michele deu às catarinenses a vitória por 25/23, em 28 minutos.
O início arrasador da FURB no quarto set praticamente decidiu o jogo. O time de Blumenau abriu 4/0 e passou a jogar com tranqüilidade, cometendo poucos erros. O Sport não teve mais forças para reagir e acabou derrotado por 25/16, em 24 minutos.
FURB/BLUVOLEI – Ester, Michele, Lousi, Grace, Piu, Simone e Cris (líbero). Técnica: Gracielle de Aquino.
SPORT/MAURÍCIO DE NASSAU – Zefa, Juju, Pilão, Shel, Paula, Wivian e Juba (líbero). Entraram: Karla, Anna, Titã e Sani. Técnic José Alves.
Em quadra, as duas maiores pontuadoras da Liga Nacional. Do lado da FURB estava a experiente oposto Grace, de 26 anos, que tem no currículo passagens por times de Superliga. Do outro lado, havia a promissora ponta Juju, de 17 anos, que conquistou o Mundial Infanto-Juvenil pela seleção brasileira. A jogadora do time catarinense acabou levando a melhor, conquistando o título da competição e o de maior pontuadora, este pelo segundo ano consecutivo.
Na disputa pelo posto de jogadora que fez mais pontos no campeonato, Grace entrou na quadra com vantagem. Já havia feito 75 pontos, contra 64 de Juju, que liderou o ranking de pontuadoras nos dois primeiros dias da competição.
No primeiro set, Juju se saiu melhor: fez sete pontos para o Sport. No set seguinte, Grace fez seis pontos, mas Juju marcou o da vitória do time pernambucano por 26/24.
No terceiro set, quem roubou a cena foi a ponta Pilão, do Sport, que fez seis pontos, apesar da vitória catarinense por 25/23. A prova dos nove foi tirada no quarto set, quando Grace fez quatro pontos e Juju teve atuação mais discreta.
Encerrada a saudável disputa pelo posto de maior pontuadora, Grace fez questão de elogiar Juju. “Ela é uma jogadora muito nova, que mostrou determinação e que tem um futuro brilhante pela frente”, disse.
A jovem ponta retribuiu o elogio. “Ela é um espelho para jogadoras jovens como eu. É boa atacante e passadora”, afirmou.
Depois do jogo, a própria Grace se impressionou ao ser informada de que fez 94 pontos nos cinco jogos do campeonato (média de 18,8 por partida). Só na final, foram 17 pontos. “Foi uma realização conquistar o título e o posto de melhor pontuadora. Estou muito feliz, a equipe funcionou bem taticamente. Mostramos muita garra e determinação”, disse.
Na premiação, Grace não conteve as lágrimas. Ela só não chorou menos do que a levantadora Ester, também muito emocionada. “Eu tinha um objetivo e quando conquistei fiquei muito feliz. Nesse momento tem que chorar mesmo”, disse Grace.
EXPERIÊNCIA ACABA DECIDINDO JOGO A FAVOR DA FURB
Um dos aspectos decisivos para a vitória da FURB, na opinião da técnica Gracielle de Aquino e de várias jogadoras, foi a experiência maior de sua equipe. O time catarinense tem três atletas acima dos 29 anos (as meios-de-rede Simone e Michele e a líbero Cris), enquanto o Sport só tem uma, a ponta Anna.
“As mais experientes foram muito importantes. Elas são o equilíbrio da equipe. A experiência contou muito, ainda mais na final, onde as jovens podem sentir a responsabilidade”, disse Gracielle.
Simone tem 32 anos e títulos importantes no currículo, como o Mundial Juvenil de 1992 e um torneio amistoso na Alemanha, pela seleção adulta, em 1994. Isso sem falar no título da Superliga de 1999, pelo Uniban/São Bernardo. Ela diz que se sente confortável na posição de líder do time. “Acho que minha função é passar tranqüilidade às mais novas. Gosto de fazer isso. A equipe hoje está unida, todos escutam todos. É uma das equipes que eu estou mais gostando de jogar porque tem união”, disse.
Michele, de 31 anos, também já disputou algumas edições da Superliga – ela chegou a ser duas vezes vice-campeã com o BCN/Guarujá (1994/95 e 1995/96). Para ela, passar experiência às mais jovens é sua obrigação. “Fazem diferença a experiência e a tranqüilidade quando a equipe dá uma caída. Estou acostumada a ter esta responsabilidade. Tenho 20 anos de voleibol”, afirmou.