Em condições de igualdade, São Paulo e Atlético-PR entram em campo hoje, às 20h45min, no Morumbi, para decidir a primeira final brasileira da Taça Libertadores da América. Na partida de ida, no Beira-Rio, o placar terminou empatado por 1 a 1 e, caso não haja vencedor novamente, o campeão será conhecido nas cobranças de pênaltis. A Rede Globo transmite a decisão ao vivo.
O São Paulo busca o seu terceiro título da competição, feito realizado em 1992 e 1993, sob o comando de Telê Santana e tendo Raí como grande destaque. É a quinta vez que o tricolor chega à final e, caso erga o troféu, se tornará o maior vencedor do país.
Para encarar os paranaenses, o técnico Paulo Autuori, que já foi campeão pelo Cruzeiro 1997, não faz mistério na escalação. O time será o mesmo que vem jogando, com Rogério; Fabão, Lugano e Alex; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Júnior; Amoroso e Luizão. Para obter a vitória, nada de grandes inovações.
– O São Paulo será o que foi até agora. Temos uma característica de jogo e não vamos mudar. O time que estiver mais equilibrado e emocionalmente melhor dentro de campo será o campeão. Ganha o jogo quem tiver mais qualidade, garra, competitividade e equilíbrio emocional – ensinou Autuori.
A semana polêmica que antecedeu a partida, com informações desencontradas de ambas as partes, deixou em alerta o treinador, que proibiu terminantemente a presença de celebridades nos treinos, além das provocações por parte dos são-paulinos.
– Espero apenas que parem de inventar historinhas do São Paulo. Respeitamos e valorizamos o Atlético-PR e jamais houve menosprezo e comemorações antecipadas. Temos de ressaltar a força do futebol brasileiro, que chegou com duas equipes na final da Libertadores pela primeira vez – protestou.
A presença de Lima e Aloísio no ataque rubro-negro é a maior preocupação de Autuori dentro das quatro linhas. O Atlético-PR costuma aproveitar a altura de seus dois atacantes, além dos zagueiros, para marcar gols de cabeça. Outra arma paranaense são as cobranças de falta de Fabrício. Nada, no entanto, que tire o sono do técnico.
– A bola parada é o ponto forte do Atlético-PR, mas anulamos isso muito bem no primeiro jogo. O gol que sofremos foi por causa de um vacilo. No mais, o time foi muito bem e espero que repita a mesma marcação – concluiu.
Já do lado do Atlético-PR, desde as quartas-de-final que os jogadores entram em campo para o jogo mais importante da história do clube torcendo justamente para que não fosse aquele o último. Desta vez, o objetivo é que a partida seja, além de novamente a principal em 81 anos, também a que traga mais alegria para a torcida rubro-negra.
A ansiedade tomou conta de todo o elenco ao longo da semana se preparação. Nem a vitória sobre o grande rival Coritiba no último domingo, com uma formação reserva, foi capaz de amenizar a espera pela decisão.
– A expectativa pelo jogo é enorme. É o jogo da história do clube e da vida de todos os jogadores que estão aqui. Assim como o torcedor, estamos todos muito ansiosos. Espero que tenhamos a capacidade de vencer a partida e ficar com o título – afirmou o goleiro Diego.
As provocações veiculadas na imprensa vindas pelo lado paulista motivaram ainda mais o elenco rubro-negro. O próprio técnico Antônio Lopes rebateu a informação de que o São Paulo já teria reservado uma boate para a comemoração do título e usará isso como arma. Diego, no entanto, preferiu não se alongar sobre o assunto.
– Sinceramente, não acredito que isso tenha partido de algum jogador do São Paulo. Isso vem mais dos torcedores, que entram no clima de provocação da final. Temos que nos concentrar no nosso potencial e focar nossa atenção somente no confronto – disse.
Antes de embarcar para São Paulo, Antônio Lopes comandou um treino secreto no Centro de Treinamento do Caju na última terça-feira pela manhã. No entanto, o técnico manteve o mistério na escalação. As duas incógnitas estão no meio-campo. Na cabeça-de-área, Alan Bahia pode perder a posição para André Rocha. Já Fernandinho, que vem tendo atuações apagados, corre o risco de dar lugar a Evandro, que marcou o gol decisivo no Atletiba. O restante da equipe será o mesmo que vinha disputando a competição.
Lopes vem tentanto não dar qualquer arma ao adversário e sequer revelou a estratégia a ser usada para segurar a pressão da torcida tricolor, que lotará o Morumbi. Pelo contrário, tratou de despistar Paulo Autuori.
– O comportamento do meu time vai ser o mesmo. Quando tiver a bola, ele tem que atacar. Quando estiver sem, tem que procurar se recompor para defender. Não tem como mudar a nossa filosofia de jogo antes de uma decisão. O time já sabe de cor e salteado o que tem que fazer em campo, tanto como manter o sistema defensivo, quanto como evoluir ofensivamente.
Caso saia campeão do Morumbi, será o segundo título da Taça Libertadores no currículo de Antônio Lopes, que já a havia conquistado pelo Vasco em 1998. Para o treinador, a experiência ajuda sim, mas não diminui em nada o frio na barriga por uma nova conquista.
– A experiência ajuda sempre. A medida em que os anos vão passando, você vai ficando mais cascudo na profissão. E é claro que cabe a nós passar essa experiência que adquirimos aos jogadores. Mas se ganharmos o jogo é lógico que será uma nova emoção, e não apenas por ser a Libertadores. Qualquer competição é assim – encerrou Lopes.
SÃO PAULO X ATLÉTICO-PR
Data: Hoje
Horário: 21h45min
Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Horácio Elizondo (ARG)
Auxiliares: Rodolfo Otero (ARG) e Juan Carlos Rebollo (ARG)
São Paulo: Rogério Ceni, Fabão, Lugano e Alex; Cicinho, Josué, Mineiro, Danilo e Júnior; Amoroso e Luizão. Técnico: Paulo Autuori
Atlético-PR: Diego, Jancarlos, Danilo, Durval e Marcão; Alan Bahia (André Rocha), Cocito, Fabrício e Fernandinho (Evandro); Lima e Aloísio. Técnico: Antônio Lopes