Time que mais derrubou treinadores corintianos, o São Paulo entra para o clássico deste domingo, às 16h, frente ao rival disposto a ampliar ainda mais a sua vasta coleção. O duelo, pela terceira rodada do Brasileiro, é no Pacaembu.
Uma vitória sobre o time do Parque São Jorge, que ainda chora a eliminação da Copa do Brasil para o Figueirense e tenta juntar os cacos após a crise que culminou no racha do elenco, tem tudo para fazer “rolar a cabeça” do técnico Daniel Passarella.
O treinador argentino seria a 13ª vítima corintiana do São Paulo. Neste ano, o rival mandou para casa o gaúcho Tite após derrota no clássico pelo Paulista (1 a 0), no Morumbi, em 27 de fevereiro.
“Eu não sei [se continuo]. Teríamos que perder domingo. Eu, quando assumo um contrato, o cumpro. Da minha parte sempre foi assim. Da outra parte [Corinthians] eu não sei”, diz Passarella, que firmou vínculo empregatício com o clube até fevereiro de 2006, quando expira seu visto de trabalho para estrangeiros.
Passarella só se sustenta no cargo por interferência direta do iraniano Kia Joorabchian, executivo da MSI (Media Sports Investments), parceira corintiana.
Depois de bater de frente com o goleiro Fábio Costa (pediu para não trabalhar mais com o atleta) e outras estrelas (chegou a afastar o meia Roger e já deixou o atacante Gil no banco), a cúpula corintiana quer a demissão do argentino.
Apesar da crise instalada e da partida de hoje ser decisiva para o futuro de Passarella, Paulo Angioni, diretor da MSI, disse na sexta que um eventual tropeço não será determinante para a mandar o técnico embora.
“Não tomaremos decisão [sobre Passarella] condicionada a resultados. Estamos planejando o futuro”, minimizou Angioni, ignorando o “fantasma” da degola que segue os técnicos corintianos que tropeçam no rival.
O primeiro técnico alvinegro a cair em desgraça após perder um clássico para o São Paulo foi Joseph Figer, em 1944. Na ocasião, acabou demitido ao tomar uma goleada de 4 a 0, no Pacaembu, atualmente a “casa” corintiana.
Ao ser indagado sobre o fato de uma vitória do São Paulo poder custar o emprego de Passarella, Marco Aurélio Cunha, superintendente são-paulino, ironizou.
“Todo brasileiro gosta quando um argentino volta para casa”, comentou o superintendente. “Mas é claro que isso é uma brincadeira”, acrescentou ele.
O treinador Paulo Autuori, que estréia no São Paulo, foi mais comedido nas declarações. “O importante é os jogadores ganharem a partida. Técnico tem de ficar invisível”, disse o novo treinador do time do Morumbi.
Corinhians e São Paulo ainda não venceram na competição. Ambos têm um ponto em dois jogos (um empate e uma derrota).
Para os são-paulinos, entretanto, a pressão pela vitória nesta tarde é toda corintiana. “A situação do Corinthians é oposta à nossa. Eu estou chegando agora”, diferenciou Autuori, que, nas palavras de Marco Aurélio Cunha, “precisa vencer o Corinthians, mas não depende do resultado.”