Cianorte fica a cerca de 80km de Maringá. O clube da cidade, o Cianorte Futebol Clube, foi fundado em 2002 e, apenas a partir do ano passado, passou a disputar a primeira divisão paranaense, atingindo às semifinais e credenciado para a Copa do Brasil. Se para o Corinthians o clube era um ‘desconhecido’, agora, definitivamente, não é mais. Junto com o cartão de visitas, uma vitória paranaense por 3 a 0.
Com praticamente todos os novos contratados em campo, além de Daniel Passarella no banco de reservas, o Timão permaneceu mais tempo com a bola nos pés, mas não conseguiu transformar a superioridade em jogadas perigosas de ataque. Em compensação, o Cianorte cumpriu a meta e fez seu ‘jogo da vida’ – com direito a golaço de bicicleta do atacante Márcio. Todos os gols saíram no primeiro tempo.
O jogo de volta está marcado para o dia 6 de abril, no Pacaembu, em São Paulo. O Corinthians, que não terá Ânderson expulso, terá que fazer quatro gols e não tomar nenhum para garantir a classificação. Vitória por três gols de diferença leva a decisão para os pênaltis. O vencedor do confronto enfrenta Figueirense ou Remo nas oitavas-de-final da competição.
Antes, as equipes voltam a campo pelos campeonatos estaduais. Quinto lugar no Paulistão, o Timão vai ao Bruno José Daniel, onde enfrenta o Santo André neste domingo. No mesmo dia, o Cianorte, terceiro lugar de seu grupo no Paranaense, enfrenta o Engenheiro Beltrão, fora de casa.
O jogo: A imprensa do norte paranaense considerou a partida como ‘o jogo do século’. E a cidade de Maringá recebeu as duas equipes com muita festa. Devido a forte colonização paulista, o Corinthians entrou como o time da casa: eram quase 20 mil torcedores nas arquibancadas – e os que não conseguiram ingresso se penduraram nas torres de iluminação ao redor do estádio.
A partida só começou depois do árbitro Elvécio Zequetto colocar ordem em campo – foram cinco minutos de atraso. E nos primeiros instantes, só deu Corinthians. Logo aos três minutos, Coelho cobrou falta, assustando Adir. O experiente goleiro do Cianorte tentou agarrar, mas a bola escapou, por cima do gol.
A chance do Cianorte era arriscar nos contra-golpes. Em seu primeiro ataque, aos oito minutos, Conseguiu um escanteio. Daniel, artilheiro da equipe paranaense, cobrou fechado. Fábio Costa não segurou e foi surpreendido por Édson Santos, que cabeceou para abrir o placar no estádio Willie Davids.
Mal deu tempo do camisa um corintiano se aborrecer com a falha. Um minuto depois, Daniel arriscou da intermediária. A bola desviou em Márcio, enganando Fábio Costa. Era o segundo gol do Cianorte – para surpresa do estreante Daniel Passarella, que permaneceu boa parte do primeiro tempo impassível no banco de reservas.
Apesar do resultado, o Timão permanecia com maior posse de bola, mas sem conseguir chutar ao gol. Aos 23 minutos, Roger teve uma chance cobrando falta. Adir espalmou e o ataque corintiano desperdiçou o rebote. Dois minutos depois, Carlos Alberto, que ainda não marcou no Corinthians, recebeu passe de Roger e finalizou à esquerda do gol.
O argentino Carlos Tevez se esforçou para driblar a marcação e receber a bola, sem sucesso. Foi dele que saiu o cruzamento na cabeça de Gil, que passou rente a trave esquerda de Adir. Foi a melhor chance do Timão no primeiro tempo.
Aos 36 minutos, o lance mais inacreditável da partida – se é que, a essa altura, a torcida corintiana imaginava algo mais improvável: o atacante Márcio recebeu o passe, virou, pedalou e mandou de bicicleta. A bola entrou no canto direito de Fábio Costa. Era o quarto ataque do surpreendente Cianorte. E o terceiro gol.
Estréia no Timão – O Corinthians entrou modificado no segundo tempo. Contundido, Roger deixou o campo para a estréia de Gustavo Nery. Ainda com Bobô no lugar de Wendell, Passarella partiu em busca de gols, disposto a diminuir a vantagem da equipe paranaense.
Apesar de chutar mais a gol e pressionar um pouco mais em relação a primeira etapa, o Corinthians insistia em cruzamentos na área, permanecendo nitidamente atordoado em campo. Mais estranho ainda era Fábio Costa, que quase entregou o quarto gol para os paranaenses, aos 17 minutos. O goleiro tocou para Valdiran, destaque do Cianorte na temporada, que não teve tempo de finalizar: Ânderson fez o corte.
Aos 25 minutos, a situação ficou pior – se é que isso era possível. O capitão Ânderson correu para desarmar Valdiran, à esquerda do ataque do Cianorte, com um carrinho perigoso. O zagueiro tocou na bola antes de derrubar o atacante, mas o árbitro Elvécio Zequetto não pensou duas vezes: mostrou o cartão vermelho. Minutos depois, Fabrício fez falta ainda pior, e só levou o amarelo
Apesar de tudo, o Corinthians insistiu. Gustavo Nery cobrou falta na intermediária aos 29 minutos, obrigando Adir a fazer boa defesa. Um minuto depois foi a vez de Gil invadir a área e finalizar em cima do goleiro do Cianorte. O panorama não havia mudado: enquanto o Timão se esforçava, o Cianorte assustava em contra-ataques.
A arbitragem protagonizou outro lance polêmico, aos 38 minutos. Depois da tentativa de Tevez, a bola sobrou para Gil, que no bate-rebate, acertou o travessão. No lance, o lateral Daniel, destaque da partida, tocou a mão na bola. Elvécio Zequetto não viu o pênalti.
A noite em que tudo deu errado para o Timão não poderia terminar pior: aos 40 minutos, Daniel avançou no campo de ataque, passou por Fábio Costa e cruzou pela esquerda. A bola atravessou a área e ninguém aproveitou. Cinco minutos depois, Elvécio Zequetto deixou de dar outro pênalti, este a favor do Cianorte. Sorte corintiana – se é que é possível falar nisso após este jogo.