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Schumacher quebra e Alonso vence no Japão

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Parecia tudo desenhado para o domínio da Ferrari e a aproximação do oitavo título mundial de Michael Schumacher. Mas, dessa vez, a sorte e a competência estiveram do lado da Renault e do espanhol Fernando Alonso, que contaram com uma quebra do alemão a 17 voltas do final para ficar com a vitória no Grande Prêmio do Japão, em Suzuka, e se aproximarem do bicampeonato na Fórmula 1.

Alonso, que largou apenas na quinta posição, soma agora 126 pontos, 10 a mais que Schumacher, com o mesmo número de vitórias (sete cada um). Assim, a situação se inverte, e o espanhol fica com o título se marcar apenas um ponto (oitavo lugar) no GP do Brasil, dia 22, em Interlagos, na última prova da temporada. Se isso acontecer, ele não poderá ser alcançado pelo alemão.

O espanhol ainda pode conquistar o bi mesmo sem terminar no Brasil, mas, para isso, precisa torcer para que Schumacher também não pontue. Já o heptcampeão mundial precisa de uma vitória e ainda torce para que Alonso não marque nenhum ponto na corrida paulistana. A situação é a mesma que poderia garantir ao título ao alemão no Japão, o que não aconteceu.

Ao contrário das últimas etapas do Mundial, a prova no Japão não foi marcada pela emoção, pelas ultrapassagens e as constantes mudanças de posição. Longe disso: a impressão era que a Ferrari, que tinha o brasileiro Felipe Massa na pole, seguido por Schumacher, dominaria de ponta a ponta. Mas quem brilhou foi a Renault.

O ponto alto aconteceu a 17 voltas para o fim, quando a Ferrari de Schumacher quebrou, e Alonso assumiu a liderança. O alemão não via o motor de seu carro quebrar desde o GP da França, em 2000.

Com tranqüilidade, ele controlou o carro até o fim e retomou o topo do Mundial de Pilotos. Massa foi o segundo, enquanto o italiano Giancarlo Fisichella, também da Renault, completou o pódio.

“Desde a largada, tentei me aproximar de Trulli. Depois que passei por ele e por Ralf, pensei que o terceiro lugar seria possível. Mas ainda fiquei na frente de Felipe [Massa] e, com a quebra de Michael, consegui uma vitória totalmente inesperada, mas merecida. Quando isso acontece, o sabor da vitória é ainda melhor”, comentou Alonso.

O espanhol disse que, em um primeiro momento, não percebeu a quebra de Schumacher. “Eu pensei que fosse um carro laranja, não vermelho. Só tive consciência quando estava lado a lado com Michael. Quando eu o vi ali, parado, eu fiz assim”, disse, puxando o ar, como se estivesse aliviado.

“O campeonato será decidido no Brasil, como todos nós esperávamos, mas tudo pode acontecer. Agora, não podemos correr riscos, temos de terminar a próxima corrida. Mas, com certeza, estamos em uma posição bem melhor do que a anterior”, completou.

Já Massa acredita que poderia ter conseguido um resultado melhor. “Tinha tudo para ser uma excelente corrida, mas tive de antecipar minha parada por causa de um problema no pneu, isso causou um grande problema para minha corrida. Não foi um dia muito bom para nós. É uma pena. Vamos tentar o máximo para fazer uma grande corrida no Brasil.”

Ao fim da prova, Alonso repetiu gesto feito muitas vezes por Schumacher. O espanhol se dirigiu ao “staff” da Renault e abraçou os demais integrantes da equipe, como se selasse a paz depois de uma semana conturbada.

Depois Schumacher ficar com a vitória no GP da China, na última etapa, Alonso havia criticado duramente sua equipe, desde os mecânicos até os engenheiros, causando um mal-estar interno. A vitória e a comemoração parecem ter acalmado os ânimos da Renault, que também lidera o Mundial de Construtores com 195 pontos, nove a mais que a Ferrari.

A alegria de Alonso contrastava com a tristeza de seu companheiro de equipe, Fisichella, que chorou copiosamente no pódio. Na entrevista depois da prova, ele dedicou a vitória a um amigo, que morreu na sexta-feira. “Era o meu melhor amigo. Por isso, essa corrida não foi nada fácil para mim, mental e psicologicamente.”

A prova
Na primeira volta, Alonso passou Jarno Trulli, da Toyota, e pulou para o quarto lugar, atrás de Ralf Schumacher, também da escuderia japonesa. Em seguida, ao cruzar a linha da segunda volta, Schumacher ultrapassou Massa, assumindo a liderança e abrindo vantagem na frente.

Alonso tentava pressionar o irmão mais novo de Michael com o objetivo de não perder contato com as Ferraris. Na nona volta, o espanhol cometeu um pequeno erro na curva e perdeu contato com Ralf, mas retomou o ritmo e, duas voltas depois, já pressionava o alemão da Toyota. A ultrapassagem veio apenas na 11ª volta.

A “estrela” da Renault começou a brilhar na 13ª volta, quando Massa fez a sua primeira parada nos boxes. Na volta, o brasileiro ficou preso atrás do alemão Nick Heidfeld, da BMW. Alonso foi para o “pit stop” duas voltas depois e retornou à pista à frente de Heidfeld e atrás apenas de Schumacher, deixando Massa em quarto e atrapalhando a estratégia da Ferrari de ter seus dois pilotos à frente do espanhol.

A prova, então, se desenrolou sem grandes emoções. Schumacher liderava com boa vantagem em relação a Alonso. Já Massa, que ultrapassara Heidfeld, continuava em terceiro, mas sem pressionar o espanhol.

Na 20ª volta, aconteceu um acidente, praticamente o único na prova, envolvendo o holandês Christijan Albers. Sua Midland praticamente se desfez em uma cena impressionante. O piloto chegou aos boxes sem o pneu traseiro direito e sem toda a asa traseira.

A história do GP do Japão -e do campeonato- mudou na 36ª volta, a 17 do final. Schumacher, que caminhava para a vitória, viu o motor de sua Ferrari quebrar, deixando caminho livre para Alonso assumir a primeira posição.

Enquanto o alemão cumprimentava todos da equipe Ferrari nos boxes, demonstrando muito carinho com os mecânicos, Alonso cruzava a linha final como líder do campeonato e a um passo do bi. Massa terminou em segundo, com Fisichella em terceiro. O brasileiro Rubens Barrichello, da Honda, que teve problemas na primeira volta e foi obrigado a trocar o bico do carro, terminou apenas em 12º.

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