Acostumados às grandes decisões, Palmeiras e Corinthians irão se encontrar neste domingo, às 16 horas, no Morumbi, em uma situação atípica, já que, ao invés de lutar para chegar perto dos líderes da competição, duelarão para tentar sair da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro e exorcizar o fantasma do rebaixamento para a Série B, que insiste em assombrar os dois Parques.
A diferença que separa as equipes é de apenas dois pontos (nove a sete), só que o Palmeiras, apesar de ostentar a penúltima posição da competição, entrará em campo com mais moral, pois vem de uma convincente goleada por 4 a 2 em cima do Vasco, enquanto o Corinthians acumula cinco derrotas seguidas sem marcar um único gol.
Para o técnico Tite, que viveu situação semelhante em 2004 quando salvou o Corinthians do rebaixamento e levou o Alvinegro à quinta posição na tabela, o melhor momento palmeirense não é suficiente para dar ao seu time o rótulo de favorito no domingo. “Em clássicos desta grandeza não há como apontar um favorito. Respeito a opinião de vocês (jornalistas), mas não concordo, até porque o Corinthians tem nove pontos e está na nossa frente, pois temos sete”, argumentou Tite, jogando a responsabilidade para o outro Parque.
O treinador também não acredita que a péssima situação em que os rivais se encontram vá durar até o término da competição. “Pela grandeza e qualidade das duas equipes, essa é uma situação puramente circunstancial”, apostou. “Espero que possamos apresentar o mesmo rendimento e produtividade para continuar com esse padrão de crescimento e aumentar nossa confiança”, completou.
Com a personalidade que o consagrou no futebol, o atacante Edmundo não falou em favoritismo, mas deu uma cutucada no rival. “A gente não conta com parceria, mas paga os salários em dia e vamos buscar as revelações que aparecem aqui e ali. Essa é a nossa realidade. Temos vários jogadores da base e, independentemente dos nomes, se tivermos vontade e determinação, teremos mais chances de vencer”, apostou.
O Animal, principal jogador do time contra o Vasco, não terá a companhia de Enílton, suspenso. Além do camisa nove, o lateral-esquerdo Michael também punido com o terceiro cartão amarelo, fica de fora. No lugar do lateral entra Vinícius, que defendia o time B, enquanto Márcio Careca seguirá como opção de banco. Na frente, Marcinho, Roger e Alex Afonso brigam pela vaga aberta pela suspensão do camisa nove.
No Parque São Jorge, Geninho, que já balança no cargo de treinador do Corinthians, terá como alento os retornos de Ricardinho e Mascherano, que ganharam folga depois da Copa do Mundo. “Cheguei das férias e o ambiente é de tristeza pela situação que o time vive no campeonato. Porém, nós que conhecemos bem o funcionamento do Corinthians, sabemos que uma vitória sobre o maior rival é capaz de mudar tudo”, disse Ricardinho.
O técnico Geninho comemorou a volta do meia. “A chegada do Ricardinho é importante porque ele pode rodar o jogo, chamar o jogo, dar um ritmo diferente à partida e fazer essa transição entre o meio e o ataque que tem sido a nossa maior dificuldade do nosso time”, comentou o treinador, que sacou Roger da equipe. “O Roger vem tentando fazer o seu melhor, mas, talvez no afã de querer ajudar, está jogando muito longe do gol se afastando das suas características”, explicou.
Apesar de ter se colocado à disposição para o clássico por sentir o momento complicado no clube, Ricardinho não acredita que o desespero de Corinthians e Palmeiras dure até dezembro. “As duas equipes não estão bem, mas têm bons elencos. A seqüência da competição deve mostrar isso. Em breve, ambas vão sair da zona do rebaixamento”, previu o meia. Geninho concorda: “Essas posições de Corinthians e Palmeiras são transitórias”.
O comandante corintiano continua trabalhando com o time desfalcado. A maior estrela da equipe, Carlitos Tevez, ainda não voltou aos treinamentos e provocou uma verdadeira celeuma no clube, tanto que alguns diretores concederam entrevista coletiva no sábado, culpando Kia Joorabchian pela folga exagerada concedida ao camisa dez. Seu último jogo com a camisa alvinegra foi no dia 7 de maio, em derrota por 3 a 1 para o São Paulo. “O Tevez ficou sem se exercitar nesses dez dias, não tinha condições de jogar contra o Palmeiras, e eu preferi que ele resolvesse seus problemas para não ter de voltar para a Argentina”, diz Geninho, que também não pode contar com o volante Marcelo Mattos e o meia Marcelinho Carioca.
Para enfrentar o rival, Geninho decidiu abandonar o 3-5-2 e irá escalar a equipe no 4-4-2. Rosinei fez uma boa partida contra o Cruzeiro improvisado na ala direita e pode seguir no setor caso Carlos Alberto entre como titular no meio ao lado de Mascherano, Bruno Octávio e Ricardinho. A tendência, porém, é que Carlos Alberto comece o jogo no banco, com Rosinei no meio e Eduardo Ratinho na lateral.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS x CORINTHIANS
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 16 de julho de 2006, domingo
Horário: 16 horas (de Brasília)
Árbitros: Carlos Eugênio Simon (Fifa-RS)
Assistentes: José Javel Silveira e José Antonio Chaves Franco Filho, (ambos do RS)
PALMEIRAS: Marcos; Daniel, Nen e Alceu; Paulo Baier, Francis, Wendel, Juninho Paulista, Edmundo e Vinícus; Marcinho (Roger ou Alex Afonso)
Técnico: Tite
CORINTHIANS: Silvio Luiz; Eduardo Ratinho (Rosinei), Marcus Vinícius, Sebá e Gustavo Nery; Mascherano, Bruno Octavio, Rosinei (Carlos Alberto) e Ricardinho; Nilmar e Rafael Moura
Técnico: Geninho