– Pela terceira vez consecutiva diante da França em Copas do Mundo, o Brasil viu seu sonho de título se transformar em pesadelo, neste sábado, no Waldstadion, em Frankfurt, em uma derrota por 1 a 0. Após os traumáticos confrontos nas Copas de 1986 e 1998, a seleção brasileira mudou sua escalação em cima da hora e voltou a usar esquema que já havia fracassado durante as eliminatórias, com Juninho Pernambucano no meio-campo e sem Adriano no ataque.
Com a mudança repentina, o técnico Carlos Alberto Parreira saiu de sua tradição pragmática, cedeu às pressões, mas, mesmo assim, a equipe continuou jogando mal como nos jogos anteriores desta Copa. O treinador deixou o gramado xingado pela torcida brasileira, que estava no estádio.
Também não foi desta vez que Zidane se aposentou. Ao contrário dos discretos Ronaldinho Gaúcho e de Ronaldo Fenômeno, o camisa 10 francês fez partida primorosa, principalmente no primeiro tempo, quando estava com fôlego total.
Além de ter coordenado a França novamente neste sábado, o carrasco do Brasil em 98 bateu a falta que encontrou Henry livre para fazer o único gol do jogo em Frankfurt. O resultado deixa mais uma marca negativa no futebol brasileiro, que aumentou sua fama de freguês dos franceses.
Apesar da derrota, dois foram os recordes batidos pelo Brasil neste sábado. Lúcio superou a marca que era de Gamarra em minutos sem fazer falta. Parreira também se igualou a Zagallo e ao sérvio Bora Milutinovic em número de jogos em Copas do Mundo (20). O recorde segue em poder do alemão Helmut Schoen, com 25 participações.
A partida começou equilibrada, mas o Brasil conseguiu, como queria Parreira, manter maior posse de bola. A França se defendia como podia e procurava achar um contra-ataque nos lançamentos de Zidane.
Passada a primeira pressão brasileira, a França adiantou a marcação e chegou a assustar. O Brasil seguiu levemente melhor no jogo, mas com dificuldade para acertar o último passe e, consequentemente, para chutar em gol.
Aos poucos a França foi crescendo e Zidane mostrou muita categoria na organização das jogadas. O Brasil, mesmo sem o quadrado mágico, seguiu apresentando os mesmos problemas de movimentação no ataque. Ronaldo dificilmente tocava na bola.
A marcação francesa segurou definitivamente o Brasil e o contra-ataque foi ficando cada vez mais perigoso. Zidane fez fila de brasileiros no meio-campo e enfiou para Vieira partir livre em direção ao gol. Juan só o parou com um carrinho por trás.
O árbitro Luís Medina Cantalejo mostrou o cartão amarelo e ouviu muitas reclamações dos franceses, que esperavam ver o zagueiro brasleiro expulso. Na cobrança de falta, Ronaldo colocou a mão na bola na risca da área. O árbitro marcou nova falta e muitos ficaram com a impressão de pênalti.
A pressão final da França no primeiro tempo foi forte, mas o time dirigido por Raymond Domenech perdeu as boas chances que teve de abrir o placar.
Após o intervalo, Ronaldinho Gaúcho voltou mais aceso, mas a melhor chance foi da França, em cabeçada de Vieira. Cafu continuava sofrendo na marcação e a França continuou envolvendo o time brasileiro.
Aos 12 minutos, o gol que a França vinha merecendo saiu em cobrança de falta na área. Zidane bateu, a zaga toda ficou olhando a bola no meio da área e Henry entrou livre para fazer o gol dentro da pequena área, na cara do goleiro Dida.
O gol só deixou o Brasil ainda mais apático em campo. Ribéry, que estava sumido no jogo, fez bonita jogada pela esquerda e por pouco a França não matou o jogo.
Apesar dos pedidos por Robinho, Parreira decidiu voltar ao esquema com o quadrado, que a esta altura não recebia mais o adjetivo “mágico” nem do mais otimista torcedor.
Nos 15 minutos finais, Parreira sacou Cafu para escalar Cicinho e Robinho substituiu Kaká. Em linhas gerais, o time continuou apático como em toda a competição e disse adeus ao hexacampeonato.