Assim que o árbitro australiano Mark Shield apitou o final do jogo em Leipzig, acabou mais um conto de fadas na Copa do Mundo da Alemanha. Mesmo com a vitória de Portugal sobre o México e boas chances de classificação às oitavas-de-final, Angola não saiu de um fraco 1 a 1 com o Irã em sua despedida e deixa o Mundial pelo menos com a alegria de ter marcado pelo menos um gol na competição.
Seguindo os passos de Trinidad e Tobago, os Palancas Negras pareciam estar mais preocupados com a festa que o governo angolano concederá à equipe em seu retorno a Luanda. Os africanos mantiveram a escrita que vinham esboçando desde a estréia, contra Portugal, e ao mesmo tempo em que se defendiam com mérito das fortes e constantes investidas iranianas, mostravam-se dispersivos no ataque, errando passes e boas chances de finalização.
As únicas chances no primeiro tempo aconteceram aos 14 minutos, com Figueireido arriscando um arremate de longe, e Akwá, aos 27, chutando por cima do travessão após receber passe enfiado dentro da área. Love também desperdiçou uma boa chance aos 47, finalizando de primeira e obrigando uma boa defesa de Mirzapour.
Muito pouco, ainda mais se comparado às chances criadas pelo Irã. Já eliminados, os asiáticos pareciam brigar pela vaga e apareceram com uma maior freqüência à área angolana, principalmente em jogadas aéreas. A única chance pelo chão aconteceu aos dez minutos, com Zandi limpando a marcação e arriscando o chute, para fora. A contusão acabou sendo a maior inimiga dos iranianos, custando a substituição precoce de dois jogadores ainda na primeira etapa.
Na volta do intervalo, o carismático técnico Oliveira Gonçalves pareceu ter alertado seus jogadores do resultado em Gelserkirchen, mas ele deve ser o último a reclamar. Durante toda a semana prometeu ir ao ataque, mas novamente deixou Mantorras – a maior promessa do país – no banco de reservas como opção para o segundo tempo, deixando Akwá isolado no ataque.
O clima da partida era forte, com as equipes abusando das faltas. A marcação cerrada das defesas abria espaço para os chutas de longa distância. Assim foi com Mendonça, aos dois e sete minutos, e Zandi, aos oito. Raridades dentro do péssimo nível técnico da partida, principalmente na etapa final, onde uma chance de Mahdavikia pelo Irã, aos 12, era o lance de maior emoção.
Conforme o tempo ia passando, o Irã ia sentindo a condição de “inimigo número um” da Copa e a escrita seria escrita aos 14 minutos. Zé Kalanga cruzou da direita e Flávio, livre, cabeceou para marcar o primeiro gol angolano na Alemanha, despertando novas esperanças aos Palancas Negras. Agora a classificação africana dependia, mais do que suas próprias pernas, de uma boa performance do ex-colonizador Portugal diante dos mexicanos.
A partida melhorou tecnicamente na reta final, mas o tempo provou ser o maior inimigo dos angolanos dentro de campo. A esperança africana durou exatos 16 minutos. Aos 30, o Irã chegou ao empate e sacramentou a eliminação dos Palancas. Após cobrança de escanteio, Bakhtiarizadeh subiu sozinho e desviou para o fundo das redes, assegurando o primeiro ponto dos asiáticos no Mundial.
O Grupo D terminou com Portugal venceu o México por 2 a 1, fez a sua parte pelos ex-colonizados, mas resta a Angola o status de ter feito mais que alguns companheiros de continente mais badalados, como Costa do Marfim e Togo. Ao lado do Irã, as equipes agora tentarão obter novamente um “milagre” e conseguir a classificação para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.