Com a fórmula dos pontos corridos cada vez mais consolidada, e agora ampliada para a Série B, o Campeonato Brasileiro de 2006 inicia neste sábado com a missão de apagar os problemas extra-campo do ano passado e mostrar que o país é responsável pela competição “mais eqüilibrada” do planeta, como cansam de alardear os dirigentes dos principais clubes e federações.
Após a mancha causada pelo escândalo Edílson Pereira de Carvalho, o Brasileiro chega à edição 2006 com uma série de reformulações fora dos campos. A CBF oficializou um novo comandante na arbitragem (Edson Rezende de Oliveira), criou observadores para fiscalizar os responsáveis de apito, lançou código de ética, além de ter promovido teleconferências, cursos e palestras para os árbitros como nunca se viu no país.
As mudanças se estenderam para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que ganhou destaque justamente nas três edições dos pontos corridos. Com a saída de Luiz Zveiter, que renunciou ao posto por conta do acúmulo de funções, o futebol vê a retirada de um inimigo de boa parte dos dirigentes e um especialista em atrair os holofotes para as questões jurídicas.
Assim, o Brasileirão 2006 espera de vez ficar restrito apenas à disputa dentro das quatro linhas. E no gramado a promessa é de uma competição equilibrada com candidatos de sobra ao título e vindo de vários estados. Do Sul, o Inter desponta como a grande força. Após o vice do ano passado, o clube perdeu o técnico Muricy Ramalho, mas segurou o badalado Rafael Sóbis e ainda trouxe o experiente volante Fabinho, o zagueiro Fabiano Eller e o meia Adriano.
Já no Centro-Oeste, o destaque é o Goiás, surpresa do ano passado com o terceiro lugar e que vem fazendo boa campanha na Copa Libertadores. No comando do técnico Geninho, a equipe superou as perdas de quatro destaques de 2005 (os zagueiros André Dias e André Leone, o lateral Paulo Baier e o meia Rodrigo Tabata), manteve o domínio estadual e promete incomodar novamente. “É um grande time, tem um bom plantel e precisa ser respeitado”, mencionou o técnico do Corinthians, Ademar Braga.
Porém as maiores forças permanecem sendo da região Sudeste, principalmente os paulistas São Paulo e Corinthians. O primeiro segurou a base vencedora de 2005 (perdeu apenas Cicinho e Amoroso) e ainda trouxe nomes como os atacantes Ricardo Oliveira e Alex Dias, o meia Leandro, o zagueiro André Dias e o lateral-direito Reasco, este que só se apresenta no segundo semestre.
Atual campeão, o milionário Corinthians também manteve a espinha dorsal vencedora do Brasileiro e incorporou atletas do porte do goleiro Sílvio Luiz e do zagueiro Rodrigo, além de finalmente ter o volante Mascherano à disposição. “Temos muitas forças e será um campeonato dos mais disputados. É lógico que os favoritos são Corinthians e São Paulo, mas outros podem surpreender”, apontou o técnico Paulo César Gusmão, do Cruzeiro, outro candidato ao título.
Além deles, não se pode esquecer de equipes como Fluminense, Atlético-PR, Palmeiras e Santos. Aliás o alvinegro da Baixada Santista tem o maior especialista dos pontos corridos para repetir o êxito de 2002 e 2004: Wanderley Luxemburgo. Após uma passagem sem títulos pelo Real Madrid, ele está de volta ao Brasileiro e busca o terceiro título na era dos pontos corridos, já que foi campeão com o Cruzeiro (2003) e Santos (2004).
O equilíbrio também promete ser grande na parte de baixo da tabela. Com a redução para 20 times, a CBF atingiu o número ideal de participantes e manteve a queda de quatro agremiações para a Série B em 2006. E a tendência vista nos últimos anos mostra que os “grandes” são constantes namoradores da Segundona, que o diga Palmeiras, Botafogo, Bahia, Grêmio, Atlético-MG e Coritiba, todos campeões da elite que desceram neste século.
Por isso, é bom os cariocas Vasco e Flamengo ficarem alertas novamente para não enfrentar o mesmo sufoco das últimas duas temporadas. Ainda mais após o fraco desempenho no Campeonato Carioca, quando os dois sequer chegaram às semifinais nos dois turnos.