Da lama ao caos. Assim o Corinthians terminou a sua participação na edição 2007 do Campeonato Brasileiro. Com o empate diante do Grêmio por 1 a 1, no estádio Olímpico, o alvinegro de Parque São Jorge amargou o histórico rebaixamento para a segunda divisão do futebol nacional.
A equipe não fez a sua parte e a esperada ajuda do Inter não veio. O Goiás derrotou o atual campeão mundial por 2 a 1, no Serra Dourada, ultrapassou o Timão na última rodada, chegando a 45 pontos e terminando com um a mais que o campeão brasileiro em 1990, 1998, 1999 e 2005.
O resultado encerrou assim um ano que o Corinthians decepcionou a torcida no Paulista, viu o clube associado a investigações policiais, assistiu a um desmanche seguido de elenco, com a saída de jogadores como Nilmar, Magrão, Amoroso e Christian, e um triste processo de sucessão na presidência, que terminou na renúncia de Alberto Dualib.
No campo, a renovada equipe alegava não se incomodar com os bastidores, mas pouco empolgava o torcedor. Com uma série de empates, o time trocou de técnico e passou a ver o rebaixamento mais próximo no segundo turno. O alvinegro até chegou a respirar a quatro rodadas do fim, mas voltou à degola justamente na última rodada. O time não soube reagir ao anúncio do segundo gol goiano e pouco fez nos 30 minutos restantes da partida.
Antes, o tetracampeão brasileiro até havia reagido após sofrer o gol logo aos 65 segundos de partida, com Jonas. O time soube se controlar e empatou com Clodoaldo, aos 28 minutos. No intervalo, o Corinthians virou fora do rebaixamento, mas retornou aos 12 minutos do segundo tempo, com o gol do Goiás, e não teve mais forças.
A torcida gritava na arquibancada, mas não teve jeito. Após escapar na última rodada em 1997 e chegar a estar entre os rebaixados em 2003 e 2005, e escapar, o clube pagou por uma série de erros e terá de amargar a Série B em 2008, situação já enfrentada por Palmeiras, Botafogo, Grêmio, Coritiba e Atlético-MG, todos ex-campeões nacionais, nos últimos cinco anos.
O Tricolor gaúcho também não teve motivos para celebrar, já que viu ruir a chance de ir à Copa Libertadores com o triunfo do Cruzeiro sobre o América-RN. Assim, o Grêmio terminou o Brasileirão na sexta posição, com 58 pontos, dois a menos que a classificada Raposa.
O jogo
Preocupado com os jogos dos rivais, o Corinthians resolveu usar a maior arma do Grêmio. Além de demorar para divulgar a escalação, o time segurou ao máximo a entrada no gramado. Enquanto os gremistas entraram às 15h57, os paulistas só trataram de pisar no campo às 16h15. Tudo para esperar o início dos jogos de Goiás e Paraná.
Depois de tanto demora, porém, o time e a torcida sofreu uma verdadeira ducha d’agua fria. Logo aos 20 segundos, o árbitro marcou falta a favor do Grêmio. Bustos cobrou e, com 1min05, Jonas desviou de cabeça para abrir o placar e jogar o alvinegro de Parque São Jorge na zona de rebaixamento.
Na arquibancada do Olímpico, torcedores corintianos já derrubavam as primeiras lágrimas e o time mostrava sentir o gol. Sem um meia de origem, já que Nelsinho optou pela escalação de quatro volantes (Carlos Alberto, Bruno Octávio, Vampeta e Moradei) e três zagueiros (Betão, Fábio Ferreira e Zelão), o time nem chegava ao campo de ataque.
O alívio só veio aos dez minutos, quando o Inter abriu o placar em Goiânia e deixava o Goiás novamente na zona de rebaixamento, e o Paraná não saía do empate sem gols com o Vasco. A partir daí, o Corinthians se acalmou, mas a defesa seguia mal. Aos 15, Felipe fez boa defesa em chute de Marcel da entrada da área. Perdido em campo e abusando dos chutões, o Timão só chegou com perigo aos 22, quando Fábio Ferreira escorou cruzamento e a bola sobrou para Bruno Octávio bater firme, mas em cima do goleiro Marcelo Grohe.
Seis minutos depois, a degola voltou a ameaçar o Corinthians com o empate do Goiás. A torcida do Grêmio comemorou, mas segundos após, foi calada pelo grito de alívio dos paulistas. Em jogada pela direita, Vampeta lançou Carlos Alberto, que foi à linha de fundo e cruzou. O atacante Clodoaldo se antecipou a Patrício, desviou e empatou a partida.
Com o resultado, a partida ficou morna. O Corinthians insistia em tocar a bola e, quando chegava ao ataque, não ameaçava. O Grêmio diminuiu o ritmo e as duas equipes foram para o intervalo com o empate, mesmo resultado em Goiânia, o que mantinha o Timão na elite. A postura gremista irritou a torcida, que pedia “raça”, e o elenco reconheceu a falha. “Faltou um pouco de disposição”, admitiu Léo, na saída do gramado.
Na etapa final, o técnico Mano Menezes mexeu e colocou Anderson Pico e Eduardo Costa nos lugares de Bustos e Eduardo Costa. O jogo, porém, seguia sem lances de perigo. O Corinthians parecia mais preocupado com a partida em Goiânia, que teve a defesa de Clemer em duas penalidades e as duas cobranças impugnadas. Na terceira, o Goiás marcou e recolocou o Timão na degola aos 12 minutos.
A jovem equipe acusou o golpe, o Grêmio aproveitou e só não marcou por causa de uma grande defesa de Felipe, aos 15, em bola desviada por Jonas. Porém o ímpeto gaúcho parou por aí. O técnico Nelsinho ainda tentou mexer, colocou Aílton, Arce e Héverton para ajudar o time no ataque, mas o elenco parecia atônito com a chegada do rebaixamento.
Sem forças, o time insistia em prender a bola, tentar cruzamentos para a área e todos sem sucesso. Foram longos 30 minutos de velório em que os torcedores corintianos derramavam suas lágrimas e viu uma equipe sem ímpeto para conseguir a salvadora vitória, que ainda perdeu Héverton expulso aos 46 minutos. A Série B tornou-se uma dura realidade.