Fã declarado do técnico Wanderley Luxemburgo, José Augusto, comandante interino do Corinthians, ainda tem muito a aprender no mundo do futebol, mas, a julgar pelo desempenho de seu time na vitória por 2 a 0 diante do rival da Baixada, está no caminho certo.
Depois de levar duas sapecadas de times mineiros (3 a 0 para o Cruzeiro e 5 a 2 para o Atlético), o Corinthians entrou no Pacaembu para encarar o Santos neste domingo sob a ameaça de nova goleada, afinal, o rival da Baixada ostentava vantagem de dez posições na tabela.
Antes de a bola começar a rolar, Petkovic e Luxemburgo alertaram para os perigos da situação e afirmaram: “Em clássicos, tudo se iguala”. A dupla parecia prever o que estava por vir. Superando todas as expectativas, a “mística” corintiana prevaleceu e o Timão deixou o Pacaembu com uma bela vitória.
O resultado levou a equipe do Parque São Jorge a 30 pontos na tabela e afastou ainda mais a ameaça do rebaixamento. O Santos, com seis pontos a mais, praticamente despediu-se da briga pelo título e desperdiçou ótima chance de integrar o G-4.
Neste domingo, a equipe atrapalhada e sem criatividade que sucumbiu diante dos mineiros deu lugar para um time que , se não brilhou pela técnica, sobrou na raça e mostrou que no futebol, favoritismo não ganha jogo.
Apesar de ter levado dois sustos em menos de cinco minutos nos chutes de Petkovic, defendido com maestria por Felipe, e de Marcos Aurélio, que triscou o travessão, o Timão não se abateu e partiu para cima do rival, abrindo o placar aos nove minutos.
O garoto Nilton, que já brilhara no Maracanã na vitória sobre o Botafogo, mostrou personalidade ao arriscar, da intermediária, uma cobrança de falta. Atônito, Fábio Costa pagou pelo excesso de confiança e pela falta de homens na barreira: golaço.
A desorganização passou para o lado do Santos, que passou a buscar o empate na base do desespero e só assustou Felipe aos 30 minutos, em bola que ficou passeando na pequena área. Enquanto isso, comandado pelo experiente Vampeta, o Corinthians crescia e administrava o resultado, apostando nos contra-ataques para definir o resultado ainda no primeiro tempo.
A chance de matar o jogo esteve nos pés de Arce, que aproveitou sobra de um cruzamento de Carlos Alberto não aproveitado por Finazzi e bateu, desequilibrado, para grande defesa de Fábio Costa. Foi o último bom lance antes da descida para o intervalo.
Na volta para o segundo tempo, apesar da clara superioridade do adversário na etapa inicial, Luxemburgo preferiu não mexer no time. Com os mesmos 11, restava ao Peixe mudar, então, de atitude para não deixar o Pacaembu ainda mais longe do G-4.
Aos trancos e barrancos e sem a qualidade mostrada nas três primeiras partidas do returno, o Santos bem que tentou dar trabalho a Felipe, mas nada parecia dar certo para o time da Baixada. Cobranças de falta mal feitas, passes errados e nervosismo impediram que o domínio territorial se transformasse em gols.
O retrato do jogo foi o lance ocorrido aos sete minutos. No campo de ataque, Marcos Aurélio tentou se livrar dos adversários e, literalmente, pisou na bola, armando o contra-ataque fatal do Corinthians, que passou por Finazzi e chegou ao boliviano Arce. Sem dó, o camisa 17 ajeitou, olhou o posicionamento de Fábio Costa e fuzilou o camisa um, definindo a sorte do clássico.
As mudanças de Luxemburgo, que tirou Pedrinho, Baiano e Marcos Aurélio para as entradas de Rodrigo Tabata, Vitor Júnior e Renatinho, melhoraram o time, que pressionou e assustou Felipe, perdendo inúmeras chances de diminuir.
Renatinho obrigou Nilton a salvar em cima da linha, enquanto o camisa um fez jus ao apelido de “novo Dida”, realizando pelo menos três defesas difíceis e uma delas “milagrosa”, com os pés, em chute de Kleber Pereira.
Fechadinho, com Moradei no lugar de Everton Santos, o Corinthians fez o jogo certo para se reabilitar. Soube tocar a bola e teve chances até para ampliar o resultado nos contra-ataques, principalmente depois da expulsão de Adailton. No final, a rede não balançou mais, mas a vitória pelo placar de 2 a 0 foi suficiente para fazer a festa da Fiel, que terminou o jogo como há muito não fazia, com aplausos e aos gritos de ‘olé’.